tag:blogger.com,1999:blog-52299493542287809432024-03-13T23:03:51.734-03:00Blog Kenner TerraKenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.comBlogger102125tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-77164368084947260692020-04-02T16:43:00.003-03:002020-09-24T17:40:54.087-03:00Sobre uma "resenha" do livro “Experiência e Hermenêutica Pentecostal”.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-lhu9GdTNKxg/XoY6cGHSjSI/AAAAAAAATZw/dZU7aWaYVaA3Wj4I-_NJk5d16D4_KZzTQCLcBGAsYHQ/s1600/experiencia-e-hermeneutica-pentecostal.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="641" data-original-width="960" height="213" src="https://1.bp.blogspot.com/-lhu9GdTNKxg/XoY6cGHSjSI/AAAAAAAATZw/dZU7aWaYVaA3Wj4I-_NJk5d16D4_KZzTQCLcBGAsYHQ/s320/experiencia-e-hermeneutica-pentecostal.webp" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Enviaram-me
o link de um artigo publicado na revista “Bona Consciêntia”. Quando ouvi pela
primeira vez que sairia um texto em resposta ao nosso livro, disseram: “estou escrevendo
um texto acadêmico numa revista acadêmica”. Na época, imaginei que seria uma
análise avaliando os pressupostos do livro, as fragilidades e, por sua vez, as
contribuições. Então, fui logo até o site da revista dar uma olhada no Qualis, um
importante indicador de qualidade das revistas acadêmicas sob responsabilidade
da CAPES-MEC, porque usaram a expressão “acadêmica” e esse tipo de periódico
precisa de pareceristas, os quais não são os donos da verdade, mas diminuem possíveis
injustiças. Quando vi, a revista não estava nem mesmo indexada. Pensei: “tudo
bem, vamos ler o texto”. Contudo, acabei esquecendo do assunto e deixei para
lá. Todavia, esta semana um conhecido do autor do artigo marcou-me no face e disse:
“[...] então, por falar em hermenêutica, aproveita e refuta aí o artigo sobre a
hermenêutica pentecostal, tomara que as citações que ele usou sirvam!”. Bom,
achei bacana, mas respondi que sairá outra obra sobre o assunto e como conheço
um pouco da postura do tal interlocutor, recomendei que esperasse o livro,
porque responderia algumas questões do ávido crítico. No entanto, fiz o que
disse que não faria, entrei no link e fui ler o texto. Descobri, na verdade, que o “artigo” não é
uma típica resenha, mas um misto de ataques desconexos, tipo uma apologética
estranha, fazendo afirmações rápidas e repetindo um monte de chavões sobre
pós-modernidade sem qualquer preocupação de análise relevante dos seus
pressupostos. Por isso, recuso-me em fazer exatamenteuma resenha ou
crítica-resposta ao texto por alguns motivos. Cito-os: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">1.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Logo
no início, ele faz afirmações equivocadas sobre nosso livro e o coloca como
parte do mesmo equívoco da pós-modernidade: “</span><u><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Referindo-se às Sagradas Escrituras, o que deve ser
levado em conta essencialmente é a interpretação do leitor em detrimento do que
o autor do texto sagrado quis passar”.</span></u><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Em primeiro lugar, como assim “quis passar”? Que
expressão é essa? Seria preciosismo da minha parte esperar uma linguagem menos
coloquial e mais técnica? Já que o texto é anunciado como acadêmico, poderia
afinar os termos. Bom, isso é o de menos. O problema é dizer que a
pós-modernidade (e nosso texto é colocado nesse contexto) considera “essencialmente
a interpretação do leitor”. Vejam, escrevemos um capítulo só sobre semiótica da
culta de I. Lotman. Então, o ponto não seria eliminar o texto e inflacionar o
leitor, mas a relação circular entre texto e leitor, reconhecendo as
estratégias do próprio texto. Isso não significa deixar de lado o texto!<strike> </strike>Perceba
que o autor vai criticando sem ao menos saber bem do que está falando ou cuidar
dos pressupostos epistemológicos do livro que escrevemos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">2.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ainda no
começo do artigo, ele diz que falará do cerne da pós-modernidade. Então, faz a
seguinte descrição da modernidade para depois tratar da sua vilã: “<u>Desde o
fim do século XIX, mais especificamente por meio de Friedrich Nietzche, a
modernidade, que veio à tona no Ocidente por meio do iluminismo de meados do
século XVIII, levou um sério golpe. Um pouco depois, com o estruturalismo, o
pós-modernismo avançou fortemente. O estruturalismo afirma que a linguagem é uma
construção social, sendo que todas as produções literárias visam dar sentido ao
vazio experimental sentido</u>”. Não, a modernidade não “veio à tona no
Ocidente por meio do Iluminismo do séc. XVIII”. Não, a pós-modernidade não
avançou fortemente com o estruturalismo. E mais, não é o estruturalismo “que
afirma que a linguagem é uma construção social”. Essa é uma afirmação das
teorias das linguagens em geral. Ou seja, é igual aquele dever de casa comum
dos intolerantes: faço uma caricatura pseudoneutra e, depois, “pancada
nela”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">3.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Continuei
lendo: “<u>Fato é que o pós-modernismo não se coaduna com o pensamento cristão
tradicional de se entender não apenas as Escrituras, mas também o legado da
tradição cristã”</u>. Não entendi? Você, leitor, entendeu? Talvez, se estiver
certo sobre o sentido dessa frase, seria necessário para tal autor ler alguns
textos de teólogos pentecostais como Karkkainen, Archer ou não pentecostais com
Smith. Ainda, além de fazer uma caricatura da pós-modernidade, o texto insiste
em criticar o nosso livro como se ele fosse uma defesa acrítica da
pós-modernidade/pensamento pós-metafísico, ou como se tivéssemos dizendo que o
Pentecostalismo é pós-moderno. Na própria obra explicamos que o pentecostalismo
é paramoderno (K. Archer) e antecipa algumas intuições da pós-modernidade. Será
que, no fundo, não quer entender? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">4.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Há outra
coisa que me desestimula fazer uma resenha do texto. Ele fala de J. Derrida,
dos autores pós-modernos etc., mas não vai às fontes. Cita somente intérpretes
– e só os que tratam de maneira crítica o que eles mesmos chamam de
pós-modernidade. Para termos ideia da infantilidade, quando ele quer
diferenciar Modernidade e Pós-modernidade cita um quadro de </span><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Alister McGrath,
no qual coloca palavras-chave reducionistas que se antagonizam a fim de definir os
termos. Olha um pedaço do quadro citado: “Modernidade =propósito;
pós-modernidade=brincadeira”. Brincadeira é, na verdade, usar essa definição
para diferenciar termos tão complexos e substanciais. Seria o mesmo que pedir
para um argentino fazer o mesmo com Pelé e Maradona: Pelé = feio; Maradona =
lindo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">5.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Depois, o artigo inicia uma discussão sobre teoria da
linguagem e diz: “</span><u><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">No campo
da linguística, Ferdinand de Saussure, Roman Jakobson e, principalmente, Jacques
Derrida, Michel Foucault
e Jean Baudrillard
afirmaram uma arbitrariedade na linguagem e que não há nenhuma lei
absoluta em termos linguísticos para se procurar”</span></u><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">. Aqui, cita-se um monte de
nomes, os quais carregam detalhes teóricos que por um lado os aproxima, mas,
por outro, distancia-os totalmente. O artigo junta tudo e afirma: “<u>não ha
lei absoluta em termos linguísticos para se procurar”</u>. No entanto, a linguística
diz o contrário: o sistema linguístico estabelece significação sobre o mundo a
partir de redes de significação. Inclusive, a diferenciação entre Langue e
Parole (Saussure) tenta dar conta disso. E mais, citar Foucault num mesmo
parágrafo no qual se afirma que “<u>Sendo assim, ficaram excluídas do estudo em
conjunto com a linguística as relações entre língua e sociedade, língua e
cultura e afins”</u> é demonstração de desconhecimento total da Análise do
Discurso foucautiana (contra a qual tenho algumas críticas, especialmente por
fazer o que o artigo diz que ele não faz). Então, fui até ao rodapé.
Adivinhem o que descobri? Novamente não há diálogo com as fontes e só aparecem os
comentaristas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">6.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Depois, o
artigo faz um monte de inferências, inclusive sobre a afirmação de César no
prefácio a respeito da construção de uma teologia assembleiana já que sou
batista etc. E, logo em seguida, diz: “</span><u><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">porque não temos conhecimento de que nenhum
pentecostal anterior ao surgimento da </span></u><u><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">hermenêutica
pós-moderna afirmou que a
experiência determina o entendimento do pentecostal concernente às Escrituras
Sagradas</span></u><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">”. Ora,
se não tem conhecimento, por que vai falar a respeito? Claro que há pentecostais
que dizem isso, inclusive gente que defende o MHG (R. Stronstad, H. Ervin [não
era pentecostal], Fee etc.).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">7. Quando o artigo começou a falar de MHG e MHC de
maneira completamente equivocada, usar parágrafos do nosso livro fora do
contexto, citar somente comentaristas e criar caricaturas sem qualquer precisão,
então, parei de tentar analisá-lo, porque precisaria fazê-lo parágrafo por
parágrafo. São muitas afirmações imprecisas que exigiriam comentários longos e
quase outro artigo. Na verdade, exigiria repetir o que já está no livro,
indicar as imprecisões (escrever essas já citadas gastou muito tempo) etc.
Confesso que não teria tempo para isso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Minha impressão final: o texto fica o tempo todo
querendo dar aula de história e sobre o uso correto de expressões teológicas – ao
mesmo tempo em que cita conceitos com as imprecisões acima citadas. Um exemplo.
Ele usa um comentário que escrevi no Blog e no Face para insinuar que usei uma
fonte (como Bolsonaro fez com o discurso do representante da OMS) com recortes,
tratando-a de maneira leviana. Nessa citação que não está no livro, mostrei que
o mesmo Stronstad que defende o método tradicional admitiu que a experiência iluminou
a leitura carismática dos pentecostais e não simplesmente o uso mais eloquente
ou mais profundo do MHG. Ou seja, serviu-me como fonte para mostrar que até
mesmo para esse a experiência não é anulada no processo interpretativo; pronto,
foi só isso! O cara está tão envenenado para
achar coisas no texto que é rápido em fazer acusações. E não somente isso, o artigo não analisa as
principais questões epistemológicas e muito menos responde ao ponto central: “quais
as melhores ferramentas para a hermenêutica tipicamente pentecostal?”. Foi isso
que fizemos. E os caminhos metodológicos que citamos, eles têm alguma
coerência? Narratologia, Crítica Literária ou Semiótica podem ajudar nessa
tarefa? Nada disso importou no artigo do rapaz. Ou seja, gastou um tempão com
jargões e “lacração” boba e não enfrentou tal discussão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Obs.: Outra coisa, o texto tem vários parágrafos
truncados, informações desconexas e joga autores e conceitos em um balaio só.
Talvez, se esse artigo tivesse passado por algum parecerista de revista Qualis estrato superior, teria recebido várias correções ou nem mesmo seria publicado. Posso
estar errado, mas para averiguar essa minha hipótese, faça o teste e mande esse
texto para a Revista Horizonte, Estudos Teológicos, Perspectiva Teológica ou
Reflexus. E para citar uma resenha crítica do nosso livro, indico a última publicação
da Revista Horizonte (A1), na qual há a recensão feita pelo Dr. Alonso. Ele não
alivia e faz duras ponderações, mas, por sua vez, observa as contribuições e
limites da obra. Se o tal autor entender que ainda tem coisas <a href="https://www.blogger.com/u/1/null" name="_GoBack"></a>a
aprender, esta publicação poderá servir de orientação quando quiser analisar
outros livros. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<br /></div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-16558919400268087372019-08-26T11:27:00.004-03:002019-08-26T11:27:50.856-03:00Mentiras, fanatismo, teoria da conspiração e Amazônia<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-Qqnj9p54u1g/XWPsLt9v02I/AAAAAAAASsg/PY9xLD6iTFQF8wpwmKLa4qcmh3_-I1nqwCLcBGAs/s1600/queimadas.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="1250" height="191" src="https://1.bp.blogspot.com/-Qqnj9p54u1g/XWPsLt9v02I/AAAAAAAASsg/PY9xLD6iTFQF8wpwmKLa4qcmh3_-I1nqwCLcBGAs/s400/queimadas.jpeg" width="400" /></a></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
Não importa em quem você tenha votado. A discussão em torno dos desmatamentos na Amazônia e o caos nas relações internacionais é de interesse de todos os brasileiros/as. É verdade, a destruição ambiental sempre ocorreu. Na Europa, pós Revolução Industrial, o uso indiscriminado dos bens naturais exigiu anos de políticas e programas sustentáveis, sérios e duradouros, porque, com atraso, mas em tempo, os amigos do antigo continente perceberam a indispensável relação entre progresso e sustentabilidade. Entre suas ações, as relações econômicas internacionais desde então levam em consideração a “limpeza” dos produtos consumidos. Por isso, a p<span style="background-color: transparent; text-align: left;">reocupação atual não representa simplesmente melindre de fanáticos ambientalistas, mas é a postura do mercado internacional. Pelo contrário, o abuso e fanatismo tornaram-se modus operandi, na verdade, dos nossos ministros e do próprio presidente.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
Intoxicado por um tipo de ideologia de extrema-direita, por vezes difícil de categorizar no espectro político, Bolsonaro desde a campanha faz afirmações sem qualquer dado científico e eivadas de teorias da conspiração da época em que os militares governavam o Brasil. Como candidato, várias vezes insinuou que acabaria com a suposta máfia do IBAMA, enfrentaria os xiitas ambientalistas, permitiria o avanço do “progresso” em regiões protegidas e tornou, em seu discurso populista e sem qualquer conhecimento de causa ou provas, a discussão sobre meio-ambiente assunto de “comunistas e esquerdistas que querem acabar com a família”. Para termos ideia, em 2018 somente 5% (!) das multas foram quitadas - o que era frágil ficou pior! Já como presidente eleito, de mãos dadas com o ministro do Meio Ambiente, continuou sua guerra ideológica contra a “chaga ambientalista”. Cortou 50% do orçamento do Prevfogo e criou um núcleo de conciliação para anistiar multas ambientais.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
Ainda, o chefe de estado chamou de mentirosos os dados do INPE, desmoralizou os cientistas responsáveis pela análise científica dos desmatamentos e focos de queimadas, novamente afirmou que acabaria com a festa das multas ambientais, ou seja, tratou as instituições de fiscalização e proteção como maus brasileiros. Com esse apoio irrestrito e descarado aos devastadores e criminosos, tratados por Bolsonaro como trabalhadores que desejam o progresso nacional, ruralistas, fazendeiros e madeireiras triplicaram suas invasões, tomadas de terra, queimadas e avanços a regiões de preservação e terras indígenas demarcadas. Ocorreu no Pará, região com altíssimo índice de desmatamento e queimadas de áreas de preservação, onde empresas derrubam a mata e transportam sua madeira criminosamente, o “Dia do Fogo”, em nome do apoio do presidente e confirmação da atual política ambiental. Em resposta e durante esse caos, o governo disparou várias afirmações inconsequentes. Acusou as ONGs pelas queimadas, mentiu sobre o trato ambiental na Alemanha, publicou fake news a respeito da Noruega, desdenhou sua fundamental ajuda financeira e trouxe de volta a velha teoria da Ditadura Militar de que índios, ONGs e países internacionais estão em conluio para tomar a Amazônia do Brasil. O resultado: crise nas relações internacionais, desespero nacional e risco gravíssimo de embargo econômico. E não pensem que tal quadro é simplesmente por conta de “revanchinha” europeia. O calculo é bem simples: negociar com gente como Bolsonaro é ser incoerente com ações ambientais em seus próprios países, fortalece empresas irresponsáveis, algumas delas instaladas aqui no Brasil, e colocam em risco seus próprios investimentos.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
Não somos bons de memória, mas na época do Regime Militar foi exatamente o lema “integrar para não entregar” a grande desculpa e o discurso legitimador para eliminar tribos indígenas, arrancar suas terras e apoiar empresas que, sem qualquer fiscalização ou limites, entravam mata adentro destruindo tudo em nome da “soberania nacional”. Em certo nível, o envio de militares para a Amazônia é uma ação desesperada e só reafirma o desqualificado trato do atual governo com o assunto. O caminho é outro. Antes de apagar o fogo, precisa prevê-lo com inteligência. Assim, o cuidado com a biodiversidade amazônica e seu gigantesco bem-natural se constrói em parceria com os Estados localizados nas regiões protegidas, especialmente fortalecendo as instituições de fiscalização e levando a sério os dados do INPE, tanto os diários quanto anuais. É fundamental dialogar com respeito e usar bem os recursos internacionais, projetando avanços sustentáveis e responsáveis nas regiões amazônicas, o que gerará emprego e preservação. Não adiante se esconder em retórica, o governo deve retomar os valores cortados do IBAMA e Ministério do Meio Ambiente e, claro, demitir o atual ministro, mostrando claramente sua total intolerância, com ações e discurso, aos avanços criminosos sobre as terras indígenas e áreas de preservação. E, imediatamente, parar de mentir e desmontar os movimentos ambientalistas e cientistas responsáveis por esse tema tão fundamental. Ou seja, as políticas ambientais brasileiras precisam mudar completamente!</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por fim, nós, igreja e lideranças, especialmente os de perto, precisamos imediatamente de senso crítico e posicionamento profético. Nossa tradição e teologia nos dão tantos instrumentos que qualquer omissão neste momento significaria negar o evangelho diante do mundo.</div>
</div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-6763823787830697742019-08-20T15:40:00.002-03:002019-08-20T15:40:47.891-03:00Os movimentos pentecostais e carismáticos e a pós-modernidade. De que lado ficar?<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="_3x-2" data-ft="{"tn":"H"}" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #1c1e21; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div data-ft="{"tn":"H"}" style="font-family: inherit;">
<div class="mtm" style="font-family: inherit; margin-top: 10px;">
<div style="font-family: inherit; position: relative;">
<div class="_5cq3 _1ktf" data-ft="{"tn":"E"}" style="font-family: inherit; margin-left: -12px; position: relative;">
<a ajaxify="https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2419285558159949&set=a.126116114143583&type=3&eid=ARC-ALZc8xag6fXy_QpIqEYCZyFoiDYHFhNXh8mRvyJqlarKre7l_6VPEvqxdwdqddNo5rs9qt97zd5d&size=982%2C271&source=13&player_origin=unknown" class="_4-eo _2t9n" data-ploi="https://scontent.fvix1-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/69360016_2419285561493282_1124994149779505152_o.jpg?_nc_cat=102&_nc_oc=AQk1zy47XPGp2gOb1JdMNi7-9xCAllOZ21PFU0JGNni5Qva6beB_4BcKZeLn75JAaCI&_nc_ht=scontent.fvix1-1.fna&oh=28953b6e19a4c82171831a658f6c1790&oe=5DD29DBF" data-plsi="https://scontent.fvix1-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/69392224_2419285564826615_665986004103987200_n.jpg?_nc_cat=101&_nc_oc=AQnGoWSxZSKVzP0acBZ2yydT2yM1cLwVZy1QXpW5U6N2sLvgeW-Wvb5zYlgwiIAE2qo&_nc_ht=scontent.fvix1-1.fna&oh=f91c42faa1214157b11c672d98f939ac&oe=5DD32157" data-render-location="timeline" href="https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2419285558159949&set=a.126116114143583&type=3&eid=ARC-ALZc8xag6fXy_QpIqEYCZyFoiDYHFhNXh8mRvyJqlarKre7l_6VPEvqxdwdqddNo5rs9qt97zd5d" rel="theater" style="box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.05) 0px 1px 1px; color: #385898; cursor: pointer; display: block; font-family: inherit; position: relative; text-decoration: underline; width: 514px;"></a></div>
</div>
</div>
</div>
</div>
<br />
<div class="_5pbx userContent _3576" data-ft="{"tn":"K"}" data-testid="post_message" id="js_1j9" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #1c1e21; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; line-height: 1.38; margin-top: 6px; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_5d5c3e03dc1c24252089813" style="display: inline; font-family: inherit;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-CXuDDCI05Iw/XVw-kl4CceI/AAAAAAAASq0/67ieLysCCvsLo65-SEDfQDcDYZjLVfrlACLcBGAs/s1600/pentecostal%2B-ima.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="271" data-original-width="982" height="110" src="https://1.bp.blogspot.com/-CXuDDCI05Iw/XVw-kl4CceI/AAAAAAAASq0/67ieLysCCvsLo65-SEDfQDcDYZjLVfrlACLcBGAs/s400/pentecostal%2B-ima.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="display: block; font-family: inherit; margin: 0px 0px 6px;">
<br /></div>
<div style="display: block; font-family: inherit; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
Comparando ao movimento da Ortodoxia Radical, James K. Smith diz ser o Pentecostalismo uma terceira via entre o racionalismo moderno e relativismo pós-moderno ("What Hath Cambridge to do with Azusa Street? Radical Orthodoxy and Pentecostal Theology in Conversation". In: PNEUMA: The Journal of the Society for Pentecostal Studies, vol.25, 2003). Para esse autor, a Ortodoxia Radical como crítica à<span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: inherit;"><span> </span>Modernidade não seria antimoderna e também não é exatamente “pós-moderna” ou, muito menos, pré-moderna. Smith explica que os movimentos de reavivamento do séc. XX representam outro tipo de Modernidade ou alternativa para esse paradigma e seu racionalismo. O Pentecostalismo e movimentos carismáticos modernos têm os mesmos traços e partilham as características epistemológicas com a chamada Ortodoxia Radical.</span></div>
<div class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: inherit;">
<div style="font-family: inherit; margin: 0px 0px 6px; text-align: justify;">
Em seu trabalho, Smith faz uma excelente síntese a respeito da cosmovisão pentecostal-carismática, o que aponta para sua epistemologia. Ele elenca pelos menos cinco pontos:</div>
<div style="font-family: inherit; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
(1) Abertura radical para a ação sobrenatural de Deus como realizador de algo diferente e novo, tendo em At 2 o modelo petrino de reconhecer as ações não naturais do Espírito como obras inesperadas de Deus. A ideia fundamental aqui é a expressão “isto é aquilo” (At 2.16); uma abertura para a alteridade.</div>
<div style="font-family: inherit; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
(2) Por causa disso, há ênfase no contínuo ministério do Espírito, incluindo o dom de revelação, a profecia e a centralidade das dádivas carismáticas na Igreja (tratada como comunidade pneumática).</div>
<div style="font-family: inherit; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
(3) No contexto do ministério do Espírito está a crença na cura do corpo como parte central do aspecto do trabalho de expiação. Esse dado é ponto antagônico ao dualismo corpo-alma fundamentalista e alma/mente-corpo do racionalismo.</div>
<div style="font-family: inherit; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
(4) Ênfase no papel da experiência em contraste com a racionalidade típica da Teologia protestante/evangélica tradicional. Isso enraíza a tradição carismático-pentecostal e a Ortodoxia Radical na epistemologia afetiva, o que desfaz o dualismo sujeito-objeto da Modernidade iluminista.</div>
<div style="font-family: inherit; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
(5) Diferentemente da crítica aos carismáticos-pentecostais em relação ao conceito de “outro mundo”, o movimento é caracterizado por um compromisso central com o empoderamento, justiça social e por certa opção pelo marginalizados, o que remonta às suas raízes na Azusa Street, cujo fenômeno se realizou em lugares simples e liderado por um pregador afro-americano.</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-30962805080203045672019-07-23T16:06:00.001-03:002019-07-23T18:15:16.228-03:00Brasil bolsonariano: como entendê-lo? <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-1d5wQoKuays/XTdZ1bwCkvI/AAAAAAAASo8/K_8XbXQis1QOLys7oSBhRsvfmrmq2fCtQCLcBGAs/s1600/bols.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="168" data-original-width="299" src="https://1.bp.blogspot.com/-1d5wQoKuays/XTdZ1bwCkvI/AAAAAAAASo8/K_8XbXQis1QOLys7oSBhRsvfmrmq2fCtQCLcBGAs/s1600/bols.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #1c1e21; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #1c1e21; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">É democrático e cívico aceitar o
resultado das urnas. Quando Aécio e o PSDB fizeram balburdia
com esse papo de fraude pós-derrota em 2014, fui rápido em criticar. Da mesma forma,
aceitei as urnas em 2018, a despeito de lamentar. Ou seja, votar no Bolso era
direito de qualquer um. Contudo, não é possível entender alguns defenderem ou
eufemizarem os absurdos do presidente. O representante da nação teve coragem de
relativizar a maior vergonha humana, a fome. Afirmar que não há fome no Brasil é
um absurdo tão grande que deveria deixar todo mundo envergonhado. Pior que
isso, alguns de seus defensores, para justificarem ou sei lá o quê, publicaram os
dados da grande miséria no Brasil e depois, ironicamente, perguntaram: "a
fome não tinha acabado?". <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Caiam em
si, parem de sandices! Exatamente por pessoas passarem fome no Brasil, a
fala do presidente é odiosa. E mais, mesmo que retoricamente, qualquer
presidente afirmaria em seus projetos lutar contra a fome e nenhum governo em
sã consciência desdenharia desse assunto tão grave. A luta contra a fome nunca
zerou sua existência e reconhecê-la é o caminho mínimo, primeiro passo óbvio,
para demonstração de preocupação e possíveis ações. Dizer que ela não existe é
desumano, imoral e grave pecado. Rir da morte, ironizar o
desumano e encobrir o que há de pior nas relações sociais é desconsiderar a
preocupação divina e sua clara defesa pelos direitos dos miseráveis. E aos pastores e
pastoras próximos ao presidente e inseridos em seu governo, por favor, sejam
fiéis ao evangelho e aproveitem o lugar no qual estão para, de alguma forma, iluminarem
consciências. </span><br />
<span style="color: #1c1e21; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"><br /></span>
<span style="color: #1c1e21; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">O mesmo presidente da república, sem
qualquer reserva, subestimando todo mundo, inclusive seus eleitores e
eleitoras, vai às redes sociais e faz uma live e diz que favoreceria seu filho
e, mesmo que não votassem mais nele, daria cabo ao projeto de indicar Eduardo
Bolsonaro como embaixador em Washington. Isso deveria deixar a todos
estupefatos e revoltados, porque representa o mais nítido nepotismo e desrespeito!
Mas, pelo contrário, alguns dizem: "mas ele é mito! Ajuda a família e não
esconde". Por outro lado, há um silêncio conivente em relação à luta do
seu outro filho, Flávio Bolsonaro, contra os avanços da investigação no caso do
seu ex-assessor Queiroz (lembrando que ele próprio também empregou vários
parentes). Em suma, aberrações brotam no governo e os eleitores do PSL preferem
zombar dos críticos e fazem sinal de arminha, "lacrando".</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #1c1e21; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Como se não bastasse, de forma
irresponsável, o presidente eleito, sem qualquer averiguação prévia, desmente o
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre o desmatamento da
Amazônia. Deixando de lado qualquer decoro, ele simplesmente joga à plateia:
"o INPE está a serviço de alguma ONG", “tenho convicção que os dados
são mentirosos”. Como o Bolso tem coragem de declarar isso!? Vejam, o mundo
todo compra e vende, negocia e faz embargos econômicos, levando em consideração
o tema da sustentabilidade. Por incrível que pareça, mesmo assim, seus antigos
eleitores ovacionam sua resposta. Como em um filme de terror, outras cenas
tenebrosas vão jorrando: fala sobre os nordestinos, perseguição ao governador mais
bem avaliado em pesquisas atuais (Flavio Dino), suspensão dos contratos com
sete grandes laboratórios públicos para produção de 19 remédios de distribuição
gratuita pelo SUS (o que prejudicará 30 milhões de dependentes), a ameaça de
redução da multa de 40% do saldo do FGTS paga a trabalhadores demitidos sem justa
causa etc. E pior, o presidente errou (ou mentiu) ao falar que a multa de 40%
do FGTS foi criada pelo ministro Dornelles, no governo FHC, porque tal direito
trabalhista foi imposto pela Constituição de 1988! Na verdade, no mandato de
FHC foi criado um adicional de 10%. Ainda sobre esse grande equívoco, Bolso diz
que por causa dessa multa “o pessoal não emprega mais”. Como isso é possível!?
Esse tipo de resposta sobre o desemprego no Brasil seria aceito em grupos do
Zap, mas nunca deveria vir de um presidente! E mesmo assim, parte do seu
eleitorado continua tratando como se nada estivesse acontecendo ou, pior, corroboram
com seus disparates. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #1c1e21; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Seria arrogância? Ignorância?
Insensibilidade? Não sei bem! Todavia, essa relação religiosa com o Bolso transformou
brasileiros em eternos eleitores. Se você foi crítico aos governos anteriores e
sempre se escandalizou com o protecionismo político de alguns eleitores do PT,
não se permita cair no mesmo erro. Pelo bem do Brasil, não importa em quem você
tenha votado, agora é tempo para averiguar, exigir posturas dignas, projetos e
respeito! <o:p></o:p></span></div>
<br /></div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-47596163513581883242019-07-08T13:21:00.001-03:002019-07-08T13:21:33.038-03:00Vai tristeza e diz para ele...<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="background-color: white; color: #1c1e21; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #1c1e21; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-Rr-jAH23OVQ/XSNsWcM0yII/AAAAAAAASoA/Hsf-7TTGC9om5eYE5ZuI7bO6ONp4aWlwgCLcBGAs/s1600/jo%25C3%25A3o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="225" data-original-width="225" src="https://1.bp.blogspot.com/-Rr-jAH23OVQ/XSNsWcM0yII/AAAAAAAASoA/Hsf-7TTGC9om5eYE5ZuI7bO6ONp4aWlwgCLcBGAs/s1600/jo%25C3%25A3o.jpg" /></a></div>
<div style="background-color: white; color: #1c1e21; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
Hieorofania é irrupção, sacralidade teimosa e invasora do mundo da vida e sua cotidianidade. Na voz e violão do imortal João Gilberto, “Chega de saudade” pode ser colocada nessa categoria, pois é evento epifânico. Depois dele, nunca mais nossos ouvidos brasileiros seriam os mesmos. A primeira vez dessa canção, nos lábios de Elizabeth Cardoso, o violão no fundo do disco “Canção do Amor Demais” indicava os relampejos do incomum, um totalmente ou<span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: inherit;">tro cuja melodia apontava recriação; era a arte "gilbertiana" despontando. Pouco depois, violão posto, sentado tipo leitor medieval, peito em riste e alma ungida de beleza, no final dos anos cinquenta, surge entre nós a voz-mansa, dedilhado-perfeição e melodia-síntese. Eis aqui a Bossa Nova, era o João do Brasil mudando a estética. Não me importa (como diz um texto bonito que li por aí) seu claustro, conflitos relacionais ou esquisitices pessoais, vale-me o orgulho de ser da mesma Terra Brasilis de tantos outros “joãos” e “marias”.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1c1e21; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1c1e21; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
Na capa do antigo vinil, mão em rosto e olhar fito, João Gilberto parece confessar, extasiado e cansado, o acabara de provocar. De agora em diante, diversas nações seriam obrigadas a ouvir a língua mais poética do mundo e curvarem-se diante de sua potencialidade. Ele é brasileiro! A genialidade agora carrega a memória indígena, o sotaque melódico africano, a batida em cordas do tamborim e a conjugação de verbos polissêmicos do terceiro mundo.</div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
Certa vez, o poeta Carlos Nejar – esse também é acostumado com hierofanias – disse-me que o homem é menos do que o poeta. Não estaria o escritor de "Os Viventes" desconsiderando a grandeza do artista. Pelo contrário, sua fala eterniza o autor em sua criação e eleva-o à condição insuperável de canal, fonte e caminho para o fulguro da transcendência. Por isso, a tristeza não é maior porque a arte de João Gilberto perenizou-se na cultura poética da história humana e todos poderão, ao revisitá-la, sem que o tempo ou a morte ocultem-na, estupefatos suspirar: sagrado, belo!</div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
Sim, vai saudade e diz para ele que sua obra fica (!) e animará a vida e alma de tantos quantos ouvirem seus acordes, voz, violão e paixão.</div>
</div>
</div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-53141328305452873452019-06-27T21:45:00.002-03:002019-06-27T21:45:36.589-03:00NEM GREGOS, NEM TROIANOS: POLÍTICA BRASILEIRA E O RADICALISMO CEGO<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="_3x-2" data-ft="{"tn":"H"}" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div data-ft="{"tn":"H"}" style="font-family: inherit;">
<div class="mtm" style="font-family: inherit; margin-top: 10px;">
<div style="font-family: inherit; position: relative;">
<div class="_5cq3 _1ktf" data-ft="{"tn":"E"}" style="font-family: inherit; margin-left: -12px; position: relative;">
<a ajaxify="https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2325802047508301&set=a.126116114143583&type=3&eid=ARA2-YyH_GM9_h924Vj070ZTzl1NHDFzbkg5Fw7x0z3I39ueW0zFuuAYckEbbV-ujAsHKT7FSeIFvnu-&size=1500%2C1000&source=13&player_origin=story_view" class="_4-eo _2t9n" data-ploi="https://scontent.fvix1-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/65493588_2325802050841634_6520121995869290496_o.jpg?_nc_cat=102&_nc_oc=AQmC1ukPYzFLIa2ZjYx1nr0VUkrLcijuHB4ESuQWWz-ZFu5a-5FjEoqaqf6MB9NHfqT2Nilz7VunKEdUTSZST29d&_nc_ht=scontent.fvix1-1.fna&oh=3cd5c083c1b2e27f7028c52caecc580e&oe=5DBC1333" data-plsi="https://scontent.fvix1-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/65219047_2325802054174967_5924442093844955136_n.jpg?_nc_cat=107&_nc_oc=AQnIWWjOHxDaUJx95E2mxW-BHbzfUL9nMtT_7hqe0-gzGiGJYNYUQShGR0CIHW2a-XGNiJEr_14U9edO8fwn1Vws&_nc_ht=scontent.fvix1-1.fna&oh=a5d12dc1f0e6dffe5ca97cba0cad48b0&oe=5DC12BF8" data-render-location="permalink" href="https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2325802047508301&set=a.126116114143583&type=3&eid=ARA2-YyH_GM9_h924Vj070ZTzl1NHDFzbkg5Fw7x0z3I39ueW0zFuuAYckEbbV-ujAsHKT7FSeIFvnu-" rel="theater" style="box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.05) 0px 1px 1px; color: #385898; cursor: pointer; display: block; font-family: inherit; position: relative; text-decoration: underline; width: 500px;"></a></div>
</div>
</div>
</div>
</div>
<br />
<div class="_5pbx userContent _3576" data-ft="{"tn":"K"}" data-testid="post_message" id="js_n" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; line-height: 1.38; margin-top: 6px; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div style="font-family: inherit; margin: 0px 0px 6px;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="font-family: inherit; margin: 0px 0px 6px;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-pv7MI3Cjy6M/XRViojJhM3I/AAAAAAAASnU/xRIoV1x68WYcmFb9WSwIc4gPgd6IN29ngCLcBGAs/s1600/esq%2Bdir.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="960" height="266" src="https://1.bp.blogspot.com/-pv7MI3Cjy6M/XRViojJhM3I/AAAAAAAASnU/xRIoV1x68WYcmFb9WSwIc4gPgd6IN29ngCLcBGAs/s400/esq%2Bdir.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
<div style="font-family: inherit; margin: 0px 0px 6px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Ninguém faz avaliações sem pressupostos, deferências, referências ou preferências. Todos são interessados por aquilo que avaliam e a neutralidade seria a negação do que mais nos caracteriza, a saber, nossas subjetividades, tal qual negar o corpo, história e vida. Todo discurso é eivado de ideologia, alerta-nos a Análise do Discurso. Contudo, a fim de evitar idolatria e irracionalidade, para refletirmos o Brasil juntos, como povo, precisamos vencer a inflação dos nossos desejos pessoais e preferências.</span></div>
<div style="font-family: inherit; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
Por exemplo, cresci acreditando que só pobre é preso. Acostumamo-nos com a impunidade. Nunca imaginaria ver grandes empresários e tantos políticos, quando corruptos, presos. Mesmo que alguns deles estejam livres, como o doleiro Cerveró, presenciamos a aplicação da justiça sobre setores e pessoas historicamente imunes – esperamos que a “sangria não seja atada”. A Lava-jato prestou um serviço importante. Contudo, isso não é um salvo-conduto permitindo juízes e promotores agirem como bem quiserem. A própria Lava-jato corre risco se permitirmos ou legitimarmos processos com problemas ou ilegalidades. Caso haja algum tipo de equívoco na maneira como foi articulado qualquer procedimento, é preciso averiguar, porque somente preservando a isonomia das instituições e o Estado Democrático de Direito será possível manter a justiça e a democracia. Então, nem gregos ou troianos. Atacar toda a lava-jato é demasiado equívoco, mas blindar acriticamente Moro como se ele pudesse fazer qualquer coisa, também é muito perigoso e coloca todos nós em risco, porque precisamos de tribunais submissos à ética e procedimentos aceitos legalmente. Todo rigor à corrupção, mas com todos os limites da Constituição; nem mais, nem menos.</div>
<div style="font-family: inherit; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
A mesma coisa se aplica em relação ao fenômeno do anti-lulista instalado no Brasil. Por sua vez, a idolatria protecionista pró-PT é a outra face da moeda. Não podemos negar, o Brasil alcançou taxas econômicas reconhecidas no período do governo do PT, tirou milhões da miséria, levou universidades aos cantos mais esquecidos do Brasil e passou a crise econômica sem abalos. É pouco razoável fingir que não houve avanços sociais no período do governo Lula. Todavia, é preciso admitir que o PT fez alianças contrárias às suas promessas, muitos de seus políticos se envolveram em corrupção, foram seduzidos pelo poder, não fizeram as reformas prometidas e não tiveram coragem para enfrentar interesses de gente que saqueia o Brasil. É equivocado não admitir tais coisas. No entanto, seria outro extremo defender raivosamente a ideia do PT como inventor da corrupção, responsável pela instalação do saque à Petrobrás ou o criador da ilegalidade entre empresas e políticos. Essa narrativa é perigosa, porque fragiliza a consciência e torna o povo susceptível a respostas simplistas a problemas complexos. Toda escolha como fruto de ódio tem poder de nos destruir. Por isso, não seria nada inteligente interpretar os que fazem essa análise como ptistas ou antiptistas.</div>
<div style="font-family: inherit; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
Dentro desse contexto Lula-PT está outro fenômeno similar, o bolsonarismo. Criou-se no Brasil desde as eleições a ideia de que qualquer análise ao governo significa ser petista ou marxista. Esse é mais um indício de extremismos e dualismos superficiais. Mesmo com a existência de outros candidatos, qualquer crítica seria sinônimo de defesa do Haddad. E o contrário, por vezes, também acontecia. Era como se Ciro, Marina, Daciolo, Alkmin e Boulos não existissem e estivéssemos em uma eleição bipartidária. Essa lógica se alargou e agora, depois das urnas, ainda permanece. Fica difícil a participação pública equilibrada, porque o protecionismo impede as críticas e avaliações necessárias. Para os mais exaltados eleitores do atual governo, não há nada para se criticar ou não existe qualquer razão para desconfianças. As falas mais radicais e os episódios estranhos são aceitos passivamente. Quando alguém, mesmo da direita, faz qualquer intervenção ou ponderação logo é chamado de esquerdista ou marxista enrustido (vejam o caso da deputada Janaína Pascoal ou do deputado líder do MBL). Na outra ponta, raciocínio similar deve ser aplicar ao ressente escândalo da cocaína encontrada na comitiva do governo. Seria também precipitação decretar sem um processo legítimo de investigação qualquer culpa ao presidente da república.</div>
<div style="font-family: inherit; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
Talvez, um dos dualismos mais difíceis é a demonização mútua esquerda-direita. No Brasil, por exemplo, criminalizou-se qualquer assunto que pareça estar próximo do horizonte reconhecido como próprio dos interesses da “esquerda”. Entre tantas razões não muito louváveis, como a pouca sensibilidade com políticas e discussões sociais, o antagonismo profundo ao PT tornou pecado escabroso qualquer interesse relacionado à esquerda. Contudo, algumas coisas precisam ser ditas sobre isso. Primeiro, preocupação por justiça social, direitos humanos, bem estar social, defesa dos fragilizados sociais e direito são preciosos temas civilizatórios. Se a esquerda os tornou seus temas, é de bom alvitre reconhecer o acerto. Por outro lado, a direita clássica como sua defesa à democracia e instituições precisa ser valorizada.</div>
<div style="display: inline; font-family: inherit; margin: 6px 0px 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Por isso, creio que a Igreja, enquanto movimento de Jesus, observa e discerne a partir dos valores do Reino tanto as escolhas pessoais quanto o funcionamento social. Assim, precisa sempre desconfiar de qualquer projeto político limitado e temporal, e reconhecer os pontos positivos dos dois ou três lados. Contudo, por sermos também historicamente localizados, precisamos continuamente colocar sob suspeita nossas leituras e sermos abertos às múltiplas possibilidades, o que ajudará na melhor aplicação e reconhecimento dos indícios do Reino em nosso contexto. Essa é a razão de não fecharmos, enquanto igreja, com nenhum projeto político partidário; nenhum! O contrário seria, sim, misturar igreja e Estado. Dessa forma, especialmente para os protestantes/evangélicos, o melhor modelo é a laicidade do Estado, o que nos projete mutuamente e nos dá liberdade de voz quando necessário para denúncia e anúncio, como a tradição bíblica e a história da Igreja testemunham.</span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
</div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-27132461645610422912019-06-21T21:58:00.001-03:002019-06-21T21:58:14.006-03:00Apocalipse 13 e a Marcha para Jesus em SP<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-3qsxNOwzkns/XQ18nOA0yjI/AAAAAAAASms/XCeNhndKlwsf91hpeL8mlZJCXo8ulju0wCLcBGAs/s1600/apo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="176" data-original-width="286" height="246" src="https://1.bp.blogspot.com/-3qsxNOwzkns/XQ18nOA0yjI/AAAAAAAASms/XCeNhndKlwsf91hpeL8mlZJCXo8ulju0wCLcBGAs/s400/apo.jpg" width="400" /></a><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O Apocalipse de João foi
interpretado de várias maneiras. Na tradição futurista, comum entre os
dispensacionalistas, as trombetas, taças, selos, monstros, mortes e demais
imagens preservadas no texto são lidas como eventos da história da Igreja ou,
em grande parte, presságios do fim dos tempos. Mesmo importante entre tantas
denominações, essa perspectiva acaba perdendo de vista, ou eufemiza, a dura
crítica do visionário. Seguindo tantas pesquisas já bem estabelecidas, o
contexto do Império Romano, sob a égide de Domiciano, é uma boa hipótese para
compreensão na narrativa apocalíptica. Sem negar seu caráter “por vir”, há
tantos indícios no próprio texto que mesmo os futuristas admitirão o primeiro
nível de compreensão. Hermeneuticamente, a perspectiva do texto como denúncia
ao discurso imperial e sua falsa paz, Pax Romana, serve-nos ótimos óculos para
interpretação e leitura contextual. Mais do que fonte de antecipação para
eventos futuros, esse horizonte ajuda-nos analisar, à luz das Escrituras, a
relação da igreja brasileira com o Estado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Entre os textos do Apocalipse,
o capítulo 13 é o mais instigante. Na tarefa de entendê-lo, precisamos dar uma
olhada na narrativa anterior, Ap 12, no qual aparece uma mulher vestida de sol
com a lua nos pés. Ela estava para dar à luz. Inesperadamente, aparece um
Dragão, com sete cabeças, dez chifres... horrível! O ser caótico desejava
devorar o filho da mulher cósmica, mas antes disso Deus o arrebatou para o
trono. Na mesma parte, outra cena é pintada. Há uma briga no céu entre Miguel e
os anjos contra o Dragão. Chamado de antiga serpente, Diabo e Satanás, ele cai
precipitado na terra, quando volta a perseguir a mulher e seu filho. Novamente
seu intento violente é frustrado. Contudo, João informa que agora suas forças
seriam canalizadas contra os seguidores de Jesus, talvez por serem os
representantes da criança livrada. Entenda, o visionário está descrevendo sua
experiência e indicando as características do demoníaco para serem capazes de
resistir e habilidosamente discerni-lo quando despontasse. Ele está
preparando-nos para o cap.13 e mostrará onde o encontraremos. Deixe-me explicar
algo. Hoje em dia não defendemos nas pesquisas a teoria da perseguição. É o
contrário. Com as cartas enviadas às igrejas da Ásia, percebemos que as
comunidades viviam certas benesses e estavam felizes no império (“rico sou e de
nada preciso... [Ap 3.17]”, lembra?) . Todavia, João percebeu esse risco e
alertou as igrejas e lideranças a respeito dos perigos dessa relação e desnudou
a falsidade do discurso de paz veiculado pelo Império, porque negava princípios
básicos da fé anunciada pelo Cordeiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Bom, agora podemos ler o
capítulo 13. Se olharmos com cuidado veremos a descrição de duas bestas: do mar
e da terra. A primeira condensa em si todas as características dos animais de
Dn 7. Ou seja, ela reúne as mazelas e monstruosidades dos reinos contrários a
Deus na história. Por sua vez, a segunda besta está a serviço da primeira e
leva o povo à adoração idólatra e aceitarem-na como digna de valor religioso.
Seus sinais e linguagem seduzem alguns das igrejas. Eles recebem uma
identificação de pertencimento e sem a marca não entrariam no necessário
sistema de compra e venda. Dentro dessa densa descrição, quando a primeira
besta é descrita, lemos em Ap 13 uma informação fundamental, o que coloca João
no lugar de enfrentamento direto: “E deu-lhe o Dragão o seu poder, seu trono e
sua autoridade”. Pasmem, o Apocalíptico está chamando o sistema imperial de
representante do Dragão, do próprio antagonista de Deus e do Cordeiro! Não
menos perigosa é a besta da terra, porque ela tem aparência de cordeiro, mas na
realidade é eco do Dragão e está a serviço da primeira Besta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-XwA8IO1_AvU/XQ184rQE02I/AAAAAAAASm0/M8GW-CmmyBMMsaxsoUwXTsVC-WFzom03QCLcBGAs/s1600/marcha.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="639" data-original-width="960" height="213" src="https://1.bp.blogspot.com/-XwA8IO1_AvU/XQ184rQE02I/AAAAAAAASm0/M8GW-CmmyBMMsaxsoUwXTsVC-WFzom03QCLcBGAs/s320/marcha.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Não sei se você percebeu, mas
João desconfia do Estado. Mesmo se auto-afirmando como promotor de paz, os
indícios sociais e a revelação denunciam para o visionário o engodo da relação
espúria entre religião e Besta, Igreja e Estado. Deus mostrou ao profeta os
indícios, ações e práticas do Império contrários ao projeto de Jesus. O
visionário percebeu que a violência era maquiada por um discurso de paz, suas
taças estavam cheias de sangue e a balança desigual. No entanto, os benefícios
e trocas cegavam os seguidores de Jesus na Ásia, amordaçavam a denúncia dos
crimes e impediam a igreja de se afastar. Alguns não tinham manchado suas
roupas, mas muitos sucumbiram e foram seduzidos. Se levarmos a sério o
Apocalipse de João, encontramos importantes advertências: 1. não é possível
seguir o cordeiro sem desconfiar do Estado; 2. cuidado, não deixe os benefícios
do sistema político favorável cegarem-no a ponto de passarem desapercebidamente
os indícios de projetos contrários ao evangelho; 3. a única relação entre
igreja e Estado é a profética.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">E a marcha para Jesus desta
semana em SP? Eu vi pastores e pastoras ovacionarem e conduzirem a multidão aos
pés do Estado que usa o símbolo de uma arma em punho como parte de sua proposta
e imagem. Assisti consternado, a Igreja e seus líderes, no meio de louvores e
culto, em gritos, repetirem o slogan de um projeto político partidário por
vezes cheio de violência. Ouvi chamarem de mito um político e fizeram do
púlpito palanque – interessante, o dragão está presente em vários mitos
cosmogônicos do Mundo Antigo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Não se engane, quando a igreja
perde seu lugar profético e se mistura com o Estado, seja por inocência ou
desejo de poder, os pastores se tornam representantes da Besta e os membros
candidatos a serem marcados por ela.<o:p></o:p></span></div>
<br /></div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-22112104175522166632019-05-24T08:39:00.002-03:002019-05-24T08:39:40.020-03:00O uso do Método Histórico-crítico na erudição bíblica pentecostal: Robert Menzies<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div style="background: white; margin-bottom: 3.75pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-HGW9mzwM090/XOfX3dkXWlI/AAAAAAAASlc/sr0qLJOO3J0Cz61JzFL3WoaKCMezChuwQCLcBGAs/s1600/robert-menzies.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="253" data-original-width="198" src="https://1.bp.blogspot.com/-HGW9mzwM090/XOfX3dkXWlI/AAAAAAAASlc/sr0qLJOO3J0Cz61JzFL3WoaKCMezChuwQCLcBGAs/s1600/robert-menzies.jpg" /></a></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 3.75pt 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Já tenho demonstrado em livro (“Experiência e Hermenêutica Pentecostal”
- CPAD), artigos e publicações menos técnicas em posts, que a hermenêutica
pentecostal tem uma história dinâmica, dialogal e multifacetada. Se no início
do Pentecostalismo os fiéis pentecostais liam a Bíblia de maneira “pragmática”
(Stronstad), com horizontes muito próximos do “Bible Reading Method” dos
movimentos de santidade, o mesmo não pode ser dito em relação às décadas
posteriores, quando acadêmicos (Fee e outros) se deram o trabalho de responder
à acusação de ser a leitura pentecostal eivada de alegorias imprecisas. É nesse
contexto de aproximação com a academia que encontraremos estudiosos
pentecostais dialogando com as modernas pesquisas bíblicas e se valendo de
ferramentas da exegese acadêmica.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 3.75pt 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Helvetica;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 3.75pt 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Na esteira desse fenômeno, está o importante biblista pentecostal
Robert Menzies. Conhecido entre nós brasileiros, o doutor pela Universidade de
Aberdenn é um exemplo da utilização de métodos críticos na erudição
pentecostal. Como sabemos, o Método Histórico-crítico (MHC) é um conjunto de
ferramentas desenvolvidas no período da Modernidade, sob os auspícios do
paradigma do sujeito. Entre essas estão a Crítica Literária, Crítica das
Formas, Crítica da Tradição e Crítica da Redação. Se por um lado o MHC era
tratado como destruidor da fé e da veracidade ou historicidade das narrativas
bíblicas, por outro, alguns evangélicos de perspectiva mais neo-ortodoxa
utilizavam-no de maneira moderada. Consequentemente, mesmo que isso levasse à
confirmação de que a Bíblia é um conjunto de tradições e fontes redigidas
teologicamente, ela não perderia o caráter de obra divina e não seria tocada a
certeza de que seus autores foram instrumentos da ação do Espírito Santo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 3.75pt 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Helvetica;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 3.75pt 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Percebemos nitidamente essa predisposição metodológica na belíssima
obra de Menzies publicada pela CPAD, “Pentecostes: essa história é a nossa
história”. Nesse livro, quando no final do parágrafo no qual se discute o uso
de Joel, afirma-se que At 2 “mostra sinais de edição cuidadosa por parte de
Lucas”. Para entendermos o que isso significa, antes é necessário saber que a
Crítica da Redação avalia o processo da produção dos textos bíblicos e
pressupõe que o autor fez esse trabalho dentro do escopo redacional pretendido
para sua obra. Essa crítica observa a orientação teológica que guia a seleção
das fontes e as mudanças realizadas nas tradições recebidas. Temendo ser mal
interpretado, Menzies faz uma nota de rodapé explicando que mesmo
instrumentalizando-se dessa perspectiva própria do método crítico, ele não
pretende desconsiderar a historicidade da Bíblia ou desqualificá-la. Veja o que
ele diz: “Quando me refiro à atividade editorial de Lucas, não quero de forma
alguma dar a entender que a narrativa de Lucas é historicamente inexata. O que
desejo é apenas salientar que, enquanto Lucas escreve história e história com
precisão, ele o faz com o propósito teológico em vista [...]. Embora seja
suposição minha de que o trabalho editorial de Lucas reflete com precisão e
enfatiza temas dominicais e apostólicos, a questão essencial que procuro
responder centraliza-se no conteúdo da mensagem de Lucas. Afinal de contas, é
essa mensagem que acredito ser inspirada pelo Espírito Santo e autorizada para
a igreja” (p.26).<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 3.75pt 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Helvetica;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 3.75pt 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Com essa moderação, sob as luzes do evangelicalismo americano,
Robert Menzies usou o MHC na leitura de Atos dos Apóstolos. Menzies, ou o
próprio Stronstad, percebeu estratégias redacionais teologicamente articuladas
em Lc-At e afirmou que o autor editou tradições anteriores modelando-as em um
processo redacional, o que só seria possível afirmar aplicando a crítica da
redação. E, por incrível que pareça, foi exatamente esse uso do MHC pelos
eruditos pentecostais que possibilitou tratar Atos não como simples descrição
do passado, mas história teológica, perpassada por padrões literários
organizados com objetivos também didáticos; assim, aumentou-se a ênfase no
caráter teológico da narrativa de Atos tornando-a mais do que exposição de
acontecimentos do passado, mas afirmações pneumatológicas, eclesiológicas,
missiológicas etc. Tanto Paulo quanto Lucas, nesse sentido, são verdadeiros
teólogos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 3.75pt 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Helvetica;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 3.75pt 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Na obra “Empowered for Witness”, Menzies mostra mais uma vez sua
dependência às ferramentas histórico-críticas. Em seu importante e refinado
livro, ele lerá a pneumatologia de Lucas-Atos em diálogo com a tradição do
Judaísmo do Segundo Templo e a vasta literatura apócrifa e pseudepígra – como a
Crítica da Tradição do MHC recomenda fazer. Por isso, seu trabalho mapeará os
textos da diáspora, Sirácida, a literatura apocalíptica (1 Enoque e outros) e a
literatura de Qumran (Testamento dos dois Espíritos [1QS]). Ou seja, para
descrever o Espírito Santo em Lucas ele considera as tradições judaicas, em uma
perspectiva da história da tradição e história comparada das religiões. Citando
especialistas do judaísmo do Segundo Templo e eruditos do NT como G. Vermes, E.
P. Sanders e J. Neusner, Menzies lerá a experiência do Espírito das comunidades
cristãs neotestamentárias a partir do background judaico. Leia o que Menzies
afirma: “reconheço que o Judaísmo providenciou o contexto conceitual para a
reflexão pneumatológica de Lucas, assim como para a igreja primitiva” (p.49).<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 3.75pt 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Helvetica;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 3.75pt 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Contudo, isso não deveria incomodar o/a leitor/a, porque ao
introduzir algumas das partes do mesmo livro ele admite o uso de pelo menos
duas ferramentas do MHC, Crítica Literária e Crítica da Redação. Ainda citando
Menzies: “o estudo que se segue é uma tentativa de reconstruir o papel de Lucas
no desenvolvimento da pneumatologia do Cristianismo das Origens. A perspectiva
da pneumatologia lucana pode ser elucidada através de uma análise da maneira
como ele usa e modifica Marcos e Q [fonte reconstruída pela crítica literária]”
(p 17). Mais a frente, de forma contundente, ele afirmará: “o método de análise
empregado é a crítica da redação. Eu examinarei relevantes passagens em
Lucas-Atos no esforço de detectar os aspectos da criativa contribuição de Lucas
para a tradição concernente à obra do Espírito Santo” (“Empowered for Witness”,
p. 104).<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 3.75pt 0cm 0.0001pt; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Helvetica;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 3.75pt 0cm 0.0001pt; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Na história da hermenêutica pentecostal, percebemos que não há “o”
método que seja próprio da sua identidade. Mesmo os pentecostais mais animados
com a maneira reformada de ler a Bíblia, os quais, por vezes, citam R. Menzies,
não podem se esquecer da presença, em sua forma mais moderada, do “malquisto”
Método Histórico-crítico. Entendam: Santo, perfeito e bom é Deus e não o método
exegético. A despeito dessa obviedade, infelizmente percebemos, aqui e acolá,
fundamentalismos metodológicos alimentados de apologética rasa e infantil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-75877790125783289862019-05-21T18:27:00.002-03:002019-05-21T18:27:45.726-03:00“TODA AUTORIDADE GOVERNAMENTAL VEM DE DEUS”. ISSO SIGNIFICA LEGITIMAR QUALQUER GOVERNO?<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-3-S4L_o2Kz8/XORtOxfVkKI/AAAAAAAASlM/15fHI12cMnoPd_kw_Yt_e8qMpX2TJOzaQCLcBGAs/s1600/janaina.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" height="213" src="https://4.bp.blogspot.com/-3-S4L_o2Kz8/XORtOxfVkKI/AAAAAAAASlM/15fHI12cMnoPd_kw_Yt_e8qMpX2TJOzaQCLcBGAs/s320/janaina.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt;">Entre
as suas últimas publicações, o presidente divulgou um vídeo no qual o pastor
congolês Steve Kunda exorta o Brasil a aceitá-lo (Bolsonaro) como enviado ou
empoçado por Deus. Por isso, não deveríamos, disse o pastor, criticá-lo, mas
simplesmente aceitar a soberana vontade do Senhor. Essa afirmação, entre tantos
outros problemas, tenta criar em torno do presidente uma redoma divina,
desqualificando qualquer crítica ou oposição, porque significaria ser contra o
próprio Deus. O cinismo antidemocrático dessa publicação ecoa o uso desonesto
de uma série de textos bíblicos e discursos teológicos, os quais, por vezes,
são aplicados aos pastores e pastoras que buscam neutralizar pelo medo qualquer
objeção. Contudo, quando a mesma estratégia é instrumentalizada pelo
representante da República, estamos diante de grande ameaça à democracia e
legitimação religiosa do autoritarismo contra o Estado Democrático de Direito.
Um texto não citado pelo bispo congolês, mas presente nas memórias de seu
discurso é Rm13. Quero aqui esclarecer alguns detalhes sobre essa passagem
bíblica, o que impedirá ser usada de base para desarranjos e malabarismos
contra a democracia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt;">Em
Romanos 13.1 lemos: “Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais,
pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram
por ele estabelecidas”. Essas palavras precisam ser lidas à luz da estrutura
política romana. Paulo não presumia relações democráticas no Império, mas
tratou pastoralmente a maneira como os cristãos deveriam lidar com a tarefa de
vivenciar a fé no mundo estabelecido sob a égide imperial. Vejamos o texto. O
apóstolo começa, de maneira abrupta, depois de discutir sobre as relações
pessoais (Rm 12.21), afirmando que “toda alma” (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">pâsa psyché</i>), referindo-se a todas as pessoas, deveria se
“subordinar”. O verbo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">hupotásso</i> tem
sentido de ação livre em relação a alguma coisa. A submissão aqui é aplicada às
autoridades constituídas. Paulo diz que toda e qualquer autoridade é
estabelecida por Deus seguindo algumas tradições judaicas (Dn 2.21; Is 41.2ss;
Pr 8.15; Eclo 17.7; Pr 8,15-16). No entanto, ele também diz: “é instrumento de
Deus para estabelecer o bem” (v.4). Esta última afirmação precisa ser lida como
uma “generalização” ladeada por “idealização”. Ou seja, em termos ideias as
autoridades estão a serviço da promoção do bem. E quando o contrário acontece,
como no Nazismo, por exemplo? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt;">A
ideia é a seguinte: ora, se a origem das autoridades é divina, logo esta estará
sempre a serviço do bem e qualquer que se atrever questioná-la será contrário
aos desígnios divinos (v.2). Isso quer dizer que Paulo desconhecia autoridades
que descumprem esta função ideal? Pelo contrário, em 1Co 6,1-11 ele tece
críticas aos juízes injustos. Contudo, em Rm 13 ele não leva em consideração o
desvio desse projeto ideal, mas estabelece o que é em termos paradigmáticos –
ou seja, ele parte do modelo previsto para as autoridades. Por isso, esse texto
não pode ser usado como instrumento de aceitação passiva diante de lideranças
autoritárias e injustas, ou para desqualificação, por exemplo, da luta contra
as ditaduras. Só há espaço para essa perigosa interpretação se lermos os versos
1-2 separando-os dos versos 3-4. A abstração de que os governos servem para
conduzir ao bem e punir o mal é o que legitima a afirmação de que são
instituídos por Deus. A mesma ideia aparece no livro Sabedoria (6,1-11) , no qual
se diz que o Senhor é quem dá o domínio aos governos (v.3), mas estes devem
servir ao Reino de Deus (v.4), pois se não o fizerem serão punidos (v.5).
Então, em Rm 13 Paulo não está interessado em falar das autoridades que não
seguem sua vocação de serem promotores da justiça, mas em apresentar o plano
original das autoridades, o que legitima o pagamento de impostos.
Conseguintemente, qualquer autoridade que seja injusta, corrupta ou
desumanizadora não é legítima, porque não está seguindo o estabelecido por Deus
para sua vocação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt;">O
apóstolo simplesmente constrói sua argumentação seguindo um princípio
teológico: “Deus governa este mundo em oposição aos tiranos e a pesar deles
mesmos” [Uwe Wegner - RIBLA 4] . O texto bíblico preocupa-se em defender o pagamento
de impostos e tributos por consciência e liberdade, como um bom cidadão, e não
por medo de punição ou imposição (v.5-7). Por sua vez, só é possível entender
essa discussão lendo o contexto de generalização e idealização. O governo
estabelecido por Deus e promotor da justiça é digno de receber os tributos,
como ministro de Deus (v.4). Assim, deve-se honrar ou resistir à luz do quanto
se adéqua ao projeto idealizado para as autoridades. Consequentemente,
resistência e honra devem ser observadas e aplicadas a partir do contexto da
materialização ou não do propósito da instituição estabelecida por Deus. Assim,
percebe-se aqui o interesse pastoral paulino com a participação cívica da
igreja.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt;">Ainda,
no contexto que precede Rm 13,1-7 (Rm 12, 9.17.21) está em jogo a prática do
bem, que aqui pode ser realizada na justa participação civil de pagamento de
tributos e, como contrapartida, o governo exercer com equidade sua função de
estabelecimento do projeto exposto em Rm 13.3-4. O papel do governo é imunizar
o povo das ações desumanizadoras e injustas. Nessa liderança idealizada, quem
pratica o mal precisa temer as autoridades; enquanto os bons e justos,
honrarem-na. Nesse sentido, a melhor interpretação dessa discussão paulina não
é defender a aceitação de qualquer ação governamental, como se Paulo estivesse
anulando a crítica profética. Pelo contrário, em sua parénese ele defende a
participação cidadã consciente e livre pelo bem social. Além disso, não é
possível afirmar que o texto nega a oposição política adequada aos governos e
autoridades que não cumpram seu papel no serviço estabelecido por Deus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt;">Assim,
como – por incrível que pareça – fez Janaina Pascoal, deputada do PSL,
precisamos nos perguntar “se um presidente da república na plenitude de suas
faculdades mentais publicaria um vídeo desses”. Eu estenderia a pergunta da
nobre deputada, a mesma que pediu o impeachment da Dilma e antiga defensora do
Bolso, se os evangélicos desse país cairão nessa insanidade e se permitirão ser
usados sob a tutela de desonestas leituras da Bíblia.<o:p></o:p></span></div>
<br /></div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-15006558456335142342019-04-27T13:00:00.000-03:002019-04-27T12:59:59.904-03:00ELOGIO DO ABSURDO: QUANDO A IGNORÂNCIA TOMA AS RÉDEAS DO MINISTRO E PRESIDENTE<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-bTSAPQasQWc/XMR2_pw7o-I/AAAAAAAASkU/e__0Qel6Ts036fNzySP9zYhN46kxBjfkwCLcBGAs/s1600/novo-ministro-da-educac3a7c3a3o-.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1006" data-original-width="1600" height="251" src="https://3.bp.blogspot.com/-bTSAPQasQWc/XMR2_pw7o-I/AAAAAAAASkU/e__0Qel6Ts036fNzySP9zYhN46kxBjfkwCLcBGAs/s400/novo-ministro-da-educac3a7c3a3o-.png" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: left;">
<br style="background-color: white; color: #1c1e21; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<h3 style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #1c1e21;"><br /></span></h3>
<h3 style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #1c1e21;"> Na obra “Elogio da Loucura”, de Erasmo
de Roterdã, a Loucura é descrita como um ser e divindade do Olimpo. No livro,
ela fala de si mesma como guiadora e realizadora de diversas práticas
cotidianas e intelectuais. O humanista insinua que algumas falas, práticas e
perspectivas, por vezes comuns e corriqueiramente estabe<span class="textexposedshow">lecidas, eram aberrações e materialização da deusa
Loucura. Os silogismos aristotélicos inférteis, a ilusão consumista, a teologia
escolástica e diversas outras práticas e discursos foram tratadas como formas
de manifestação da deusa insana. Erasmo, com acidez irônica, estava dizendo que
as pessoas emprestavam suas bocas e corpos para alucinações intelectuais.<o:p></o:p></span></span></h3>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #1c1e21;"><br />
</span></div>
<h3 style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: black;"> No nosso caso, o Absurdo e Ignorância, filhos
mais velhos da Loucura, mais uma vez instrumentalizaram o Ministro da Educação
e o Presidente da República. Pelo Twitter, Bolso disse que “o Ministro da
Educação Abraham Weintraub estuda descentralizar investimento em faculdades de
filosofia e sociologia (humanas). O objetivo é focar em áreas que gerem retorno
imediato ao contribuinte, como: veterinária, engenharia e medicina [...]”.
Disse mais: “A função do governo é respeitar o dinheiro do pagador de impostos,
ensinando para os jovens a leitura, escrita e a fazer conta e depois um ofício
que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a
sociedade em sua volta”. Como assim descentralizar? Quem disse que essas
instituições recebem prioridade (“centralização”) de investimentos? Esse tipo
de afirmação é bem próxima daquela mentira imprecisa dita há pouco sobre a
produção intelectual do Mackenzie. O que realmente significa isso? Haverá
cortes de financiamento de projetos? Serão realizadas desautorizações de cursos
de graduação e pós-graduação Lato e Stricto sensu (mestrado e doutorado)? </span></h3>
<h3 style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: black;"><br /></span></h3>
<h3 style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: black;"> E pior, isso se refere às ciências humanas em geral: Administração, Pedagogia,
Arquitetura e Urbanismo, Direito, Ciências Sociais, Ciências Públicas e as
demais áreas do conhecimento a respeito das práticas e desenvolvimento humanos?
Na verdade, os dois reproduziram aquelas interpretações de senso comum de bar e
zap em que “humanas’ é sinônimo de filosofia e sociologia, que não servem para
nada a não ser perverter alunos ou, ainda, são coisas de comunistas e que
engenharias, física e matemática são as que importam e o resto é coisa de
desocupado etc”. O óbvio: claro que estas últimas são importantes, mas sem as
demais elas não seriam possíveis. Para colocar a lume o absurdo, os órgãos
responsáveis por estatísticas, projetos municipais, mapeamento territorial, as
políticas públicas, projetos pedagógicos nacionais, redução de danos e tantas
coisas imprescindíveis para ação do Estado e bem estar social dos
“contribuintes” dependem profundamente de profissionais com formação nessas
áreas achincalhadas pelos dois representantes da República. Além disso, para
ler, escrever e fazer conta (um reducionismo bestial das práticas científicas,
diga-se de passagem) é indispensável exatamente a boa formação nas áreas por
eles ameaçadas.</span><span style="color: black;"> No fundo, Ministro e Presidente, totalmente
intoxicados e emburrecidos por uma visão de mundo (ideologia) extremista,
mostraram como são incapazes de darem conta da grandeza de suas
responsabilidades republicanas e, por outro lado, “jogaram para galera”,
aplacando e alegrando as consciências marcadamente ignorantes de parte do povo,
cuja compreensão em relação às ciências e suas especificidades não passam da
superficialidade. Até entenderia isso em qualquer outro espaço, mas ouvir tal
coisa do Presidente da República e Ministro da Educação é inaceitavelmente
perigoso. </span><span style="color: black;"><br /></span><span style="color: black;"><br />
</span></h3>
<h3 style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: black;"> Amigo Erasmo, a Loucura habita nossa nação com os braços do Absurdo e da
Ignorância.</span></h3>
<br />
<br /><br />
</div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-50105742732529653932019-04-21T03:51:00.001-03:002019-04-21T10:00:09.930-03:00DOMINGO DA RESSURREIÇÃO: ESPERANÇA <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-Sn_xrLOmwUg/XLwSdSuruTI/AAAAAAAASj0/Npnu-MF23pYZJQtah1AXSOajCvWNBAI9wCLcBGAs/s1600/Resurrection.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="826" data-original-width="730" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-Sn_xrLOmwUg/XLwSdSuruTI/AAAAAAAASj0/Npnu-MF23pYZJQtah1AXSOajCvWNBAI9wCLcBGAs/s320/Resurrection.JPG" width="282" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nada é mais belo no
Cristianismo do que a memória da ressurreição. Se Cristo não ressuscitou, disse
Paulo temendo pelos coríntios, não haveria substância em seu ato proclamatório
e nem poesia na nossa fé. O mestre no madeiro mostra a morte em sua crueldade,
a esperteza má da injustiça, a irracionalidade da violência. Na sexta-feira há
agonia, lamúria é caos. Na cruz desnuda-se a irracionalidade do mundo e sua
eloquência para derramar sangue e perfurar corpos. Se nos houvesse somente o
Cristo morto, seríamos os piores desalentados cuja viuvez tornar-se-ia
irremediável, trevas e águas amorfas sem solução, engolidos garganta adentro da
desesperança. Por isso, somos convidados, como as mulheres do sepulcro violado,
a sairmos da perplexidade da ausência do corpo morto em direção à segurança da
exortação angelical: “Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que
vive? Ele não está aqui! Ressuscitou!” (Lc 24,5-6). Assim, a eternidade
constrói uma ponte entre lágrimas e júbilo, lamento e celebração. É o “haja
luz” ordenador que diz: “mar: cala-te, acalma-te!”. O corpo ressurreto e
cósmico ressignifica o sentido da Vida. A ressurreição anuncia a novidade da
vitória, abre um sorriso no pranto e possibilidades entre os destroços. Na
paixão Cristo partilha o caos em seu próprio corpo; na ressurreição aponta para
a criação e ordenação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Se na obra “O corpo de
Cristo morto no túmulo”, 1521/22, de Hans Holbein, o mestre está esquálido, em
“A Ressurreição” (1460), do renascentista italiano Piero della Francesca, a luz
do Cristo vivo suplanta a silenciosa dor. Preservada no Museu Cívico de
Sansepolcro, em Toscana, “A Ressurreição” está na lista das grandes obras de
arte da humanidade. Com justiça, Aldous Huxley a descreveu como “a maior
pintura do mundo” e por conta de sua grandeza, durante a Segunda Guerra, o
capitão britânico Anthony Clarke ordenou parar o bombardeio a Sansepolcro
poupando a cidade e essa importante obra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Com intuição estética e
intensidade, Piero della Francesca mostra Jesus saindo do sepulcro. Abaixo, em
seus pés, estão os guardas dormindo e estáticos sem qualquer possibilidade de
reação, como se a pintura dissesse: o Império Romano e seus instrumentos não
foram capazes de enclausurar o Senhor da vida. No fundo, enquadrando a cena,
vemos uma vegetação sóbria e em contraste: à esquerda, um tronco seco logo
atrás de Jesus; à direita, vemos árvores com folhas em destaque. Com isso, o
pintor italiano reforça a diferença entre morte e vida. No centro, Cristo surge
em plena ressurreição. Ele carrega a bandeira em símbolo de vitória. Em
perspectiva frontal, o mestre olha diretamente para os espectadores
convidando-os a partilharem do seu triunfo. Por sua vez, as marcas da lança e
pregos valorizam ainda mais a destruição dos grilhões.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A obra exposta em Toscana lembra-nos o “não” profético de Deus. Toda a força da morte é
enfrentada, seus agentes desarmados e desmascaradas suas perversas estratégias.
No Domingo da ressurreição somos convidados, então, ao anúncio subversivo da
teimosa esperança, cuja força instaura o horizonte do novo mundo possível e
chama aqueles/as que cantam o cordeiro que venceu a serem seus semeadores,
porque onde houver ódio a ressurreição levará amor, onde houver ofensa levará perdão,
onde houver discórdia levará união, fé, verdade, paz e alegria.<span style="background: white;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">(imagem: </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 16px;">Piero della Francesca, "A Ressurreição", 1460) </span></div>
<br /></div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-4047274189194727612019-04-20T10:58:00.003-03:002019-04-20T11:12:52.432-03:00SÁBADO DE ALELUIA: SILÊNCIO<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div style="background: white; margin-bottom: 2.8pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.8pt;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 6.5pt;"><o:p><br /></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 2.8pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.8pt;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 6.5pt;"><o:p><br /></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 2.8pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.8pt;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 6.5pt;"><o:p><br /></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 2.8pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.8pt;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 6.5pt;"><o:p><br /></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 2.8pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.8pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-5drBLXcjyEo/XLslgEVmDlI/AAAAAAAASjo/Nl_m_LVl5yg2sZlg4zkLgogO9qFRu6I3wCLcBGAs/s1600/heibein.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="309" data-original-width="960" height="206" src="https://3.bp.blogspot.com/-5drBLXcjyEo/XLslgEVmDlI/AAAAAAAASjo/Nl_m_LVl5yg2sZlg4zkLgogO9qFRu6I3wCLcBGAs/s640/heibein.jpg" width="640" /></a></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 2.8pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.8pt;">
<br /></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 2.8pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.8pt;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 6.5pt;"><o:p><br /></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 2.8pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.8pt; text-align: justify;">
<span style="color: #1d2129;">Quando
Dostoiévski, em 1867, viu pela primeira vez o quadro “O corpo de Cristo morto
no túmulo”, 1521/22, de Hans Holbein, o Jovem, ficou estático por quinze ou
vinte minutos ininterruptos. Em seu livro “Meu marido Dostoiévski”, sua esposa
Ana Grigorievna testemunha que o encontrou impressionado e estupefato diante da
obra exposta na cidade de Basiléia, a ponto de dar reações tais quais os
sintomas iniciais de uma epilepsia. O realismo cadavérico da obra do pintor
amigo de humanistas como Erasmo de Roterdã, tocou profundamente as intuições
estéticas de Dostoiévski influenciando a produção de seu (livro) “O Idiota”, cujo
personagem principal, Príncipe Liev Míchkin, ao contemplar sua cópia e em
diálogo com Rogójin exclama preocupado: “Ora, por causa desse quadro outra
pessoa ainda pode perder a fé!”.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 2.8pt 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #1d2129;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 2.8pt 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #1d2129;">O impacto diante do “Cristo morto” de Holbein
é inevitável. A expressão crua e dura da realidade humana perpassa todo seu
corpo horizontal. Suas medidas e formas remontam uma tumba invencível. No
centro, entre a base e o teto apertado, o corpo preserva as marcas causadas
pela violência. Não há beleza, nem triunfo e as memórias do ressurreto
vitorioso perdem-se no esquelético e pálido corpo marcado por pregos, golpeado
lateralmente pela lança e na pele ressequida em seus ossos. Julia Kristeva, em
“Sol Negro”, enfrentando o tema da melancolia, descreve com exatidão os traços
e impressões do quadro: “O quadro de Holbein representa um cadáver estendido
num pedestal coberto com um lençol mal dobrado. De tamanho humano, este cadáver
pintado é representado de perfil, com a cabeça ligeiramente inclinada para o
espectador, os cabelos espalhados sobre o lençol. O braço direito, visível,
acompanha o corpo descarnado e torturado e a mão ultrapassa ligeiramente o
pedestal. O peito saltado esboça um triângulo no interior do retângulo muito
baixo e alongado do nicho que constitui o plano do quadro. Esse peito apresenta
o traço sangrento de uma lança, e na mão veem-se os estigmas da crucifixão que
endurecem o dedo médio esticado. Os traços dos pregos marcam os pés do Cristo.
O rosto do mártir traz a expressão de uma dor sem esperança, o olhar vazio, o
perfil aguçado, a tez verde-azulada são os de um homem realmente morto, do
Cristo abandonado pelo Pai (‘Pai, por que me abandonastes?’) e sem promessa de
Ressurreição”. Em “O Idiota”, o personagem Hippolit, assustado com a lúgubre e
terrível imagem do quadro, pergunta-se, beirando à profanação, “se o Mestre
tivesse podido ver a sua própria imagem, na véspera do suplício, teria Ele
próprio podido caminhar para a crucificação e para a morte, como Ele o fez?”.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 2.8pt 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #1d2129;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 2.8pt 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #1d2129;">“O Cristo morto” do pintor renascentista é
solitário, como explica Kristeva. Diferente de seu antecessor “Lamentação sobre
o Cristo Morto”, 1475-78, de Andrea Mantegna, cercado por três mulheres em
pranto diante do corpo erotizado e robusto do mestre sem vida, o de Holbein não
tem discípulos lamentando sua morte, nem anjos cantando o presságio da
ressurreição. Por isso, nesse trocamos o lugar de espectadores e nos tornamos
carpideiras! Eis ai a razão da reação desesperada de Dostoiévski. O autor de
“Irmãos Karamazov”, diante do quadro, experimentou a realidade gritante da
morte em sua radicalidade naquele que se revela como maior símbolo da vida. É a
sensação da irredutibilidade do fim, das margens, do precipício. Agonizante e
terrível, o corpo do Cristo morto é nosso. É o tempo quase interminável e
insuportável entre a cruz e ressurreição. Tempo do medo, agonia, incertezas,
descrença. “A representação sem disfarce da morte humana, o desnudamento quase
anatômico do cadáver, comunica aos espectadores uma angústia insuportável diante
da morte de Deus, aqui confundida com nossa própria morte, de tanto que está
ausente a menor sugestão de transcendência” (Julia Kristeva).<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 2.8pt 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #1d2129;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 2.8pt 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #1d2129;">A revolta torna-se parte do quadro aos olhos do
observador: “como foram capazes”! Não há explicação para tamanha barbárie. A morte
parece vencer a vida; o mal/limite ao bem/eternidade. É o mesmo convite dos
goliardos na monumental “Carmina Burana” ao cantarem “Ó Fortuna”: “mecum omnes
plangite!” (“Chorai todos comigo!”). O grito de consternação é eco para
todos/as nós. E, como movimento natural, viramo-nos para o lado e lamentamos as
demais mortes. Pranteamos a morte nossa de cada dia, os corpos esqueléticos do
mundo, as violências cotidianas, a imagem e semelhança da humanidade frágil dos
muitos sem nome. Holbein nos coloca um espelho. Por isso, a insensibilidade
dilui-se e choramos o corpo e a vida. Revoltamo-nos. Quanto mais violenta e
injusta, mais nos consterna, porque vemos as mesmas marcas. A morte ganha maior
peso e sua imagem torna-se insuportavelmente inaceitável. Somente uma expressão
estética pode acalmar a alma diante do estrago desse quadro. A agonia do corpo
morto de Holbein eleva-nos à expectativa do seu contrário – sem isso, morremos
sem horizontes dentro daquele belo-horrível túmulo de Basileia. Na vivacidade
da morte, paradoxalmente, emana, como necessidade existencial, a ressurreição.<o:p></o:p></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 2.8pt 0cm 0.0001pt; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #1d2129;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 2.8pt 0cm 0.0001pt; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #1d2129;">O “Cristo morto” de Holbein é o germe do
domingo da ressurreição! O domingo-esperança de todos/as nós.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px;">*Texto de 2018 adaptado.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
(imagem: Hans Holbein, o Jovem. "O corpo de Cristo morto no túmulo”, 1521/22)</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
</div>
</div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-57588559205243686222019-04-19T16:28:00.003-03:002019-04-19T16:28:44.501-03:00SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO: CRUZ. <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 2.8pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 2.8pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.8pt; text-align: justify;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A compreensão da fé
cristã move-se, nas variações de suas ênfases, do triunfo à dor, glória à
discrição, sofrimento à prosperidade. Nem mesmo as narrativas da paixão foram
poupadas da fluidez hermenêutica. Na arte sacra, a cruz pendula entre o
Christus triumphans, Cristo triunfante, do séc. V, e o Christus patiens, Cristo
sofredor, posterior ao séc. XIV. Maria Isabel Roque explica as razões de tal
movimento estético e imagético à luz do sofrimento humano: “uma nova concepção
do tema surge no século XIV, marcado pelos horrores da Peste Negra e pelo
misticismo propagado por S. Francisco de Assis, também presente nos Exercícios
de Johannes Tauler, nas Meditações da vida de Cristo de Pseudo Boaventura
(atualmente, atribuídas a Frei João de Caulibus) ou nas Revelações de Santa
Brígida que, retomando as profecias de Isaías (Is. 53, 1 10), exaltavam o atroz
sofrimento da paixão de Cristo e, em particular, o lento martírio da sua
morte”. Aparentemente, o drama da fé e da vida, marcado pela morte, perseguição
e angustias, guia e modela as representações da crucificação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 2.8pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.8pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-8EZ3mLaMbCI/XLohSIkLoTI/AAAAAAAASjc/4Bh6jZ4QjHgMnuPTr0BvcDSHr6t9Rmw2ACLcBGAs/s1600/cristo_dunterlinden.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="902" data-original-width="1046" height="275" src="https://2.bp.blogspot.com/-8EZ3mLaMbCI/XLohSIkLoTI/AAAAAAAASjc/4Bh6jZ4QjHgMnuPTr0BvcDSHr6t9Rmw2ACLcBGAs/s320/cristo_dunterlinden.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 2.8pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.8pt; text-align: justify;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O grande expoente
do expressionismo alemão, Matthias Grünewald (1470-1528), no magistral
“Retábulo de Isenheim” (1512-1516), do Musée d’Unterlinden, em Alsácia,
fronteira Alemanha-Suíça, revela-nos com cores fortes a ignomínia do Deus
crucificado. Na tábua central do retábulo, enquadrado pelos mantos vermelhados
de Tiago a sua direita e João à esquerda, está Jesus em silencioso grito de
morte. A cabeça caída no peito pendura-se fragilmente ao pescoço. Mãos e pés
perfurados são torcidos à força dos pregos e contraem as extremidades do corpo
esquelético do mestre. Grünewaldo reforça a injusta e lúgubre imagem com cores
pálidas. Na cabeça solta crava-se enorme e desproporcional coroa de espinhos
cujo tamanho quase esconde o rosto, lambe duramente a testa e toca os ombros.
Os farrapos enrolam a cintura e escondem suas vergonhas. A boca meio aberta
testemunha o último suspiro agonizante. Maria, com roupas puras, de pé
desespera-se discreta e inconsolável nos braços de Tiago. De joelhos, Maria
Madalena lamenta, com dedos entrelaçados, a perda. Do outro lado, como que
iluminado pelo motivo eterna do evento, João segura seu evangelho e aponta com
dedo grande o corpo esquálido do messias. Abaixo, o cordeiro derrama sangue no
cálice da nova aliança. Sob a égide da teologia do sacrifício ele avisa ao
mundo o absurdo e vitória da morte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 2.8pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.8pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 2.8pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.8pt; text-align: justify;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O realismo da obra
expõe a crueldade. A agonia do Cristo de Deus denuncia as relações perversas
entre religião e Império, sacerdotes e Roma. Injustiça, peste negra e dor
humana tornam-se lugar comum e lentes para a páscoa. A patiens de Cristo é
paixão de todos os alvos das forças da morte. Por isso, há solidariedade no
corpo-flagelo do Cristo pascoal crucificado. Na cruz, o cordeiro de Deus
denuncia a injustiça, desumanização, desfiguração da dignidade humana e a
barbárie. É catharsis e profecia, empatia e denúncia, identificação e
julgamento, partilha de lagrimas e resistência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 2.8pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.8pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.8pt; text-align: justify;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Para as comunidades do cordeiro-corpo-cruz, a única resposta possível é
a mesma paixão e solidariedade aos tantos outros corpos violentados cuja dor
por vezes é esquecida pelas esquinas e becos imperiais da insensibilidade.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.8pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">(imagem: Matthias Grünewald, A crucificação [Retábulo de Isenheim], 1512-156)</span></div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-21255029636339557082019-04-18T18:56:00.003-03:002019-04-18T19:44:00.518-03:00A QUINTA-FEIRA SANTA: LAVA-PÉS<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/--c_6prZp8Kw/XLjykKaLwyI/AAAAAAAASjQ/50qs9lcbB68r7-PI2ykVUB7zaCb6OFuEQCLcBGAs/s1600/brown.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1354" data-original-width="1536" height="282" src="https://2.bp.blogspot.com/--c_6prZp8Kw/XLjykKaLwyI/AAAAAAAASjQ/50qs9lcbB68r7-PI2ykVUB7zaCb6OFuEQCLcBGAs/s320/brown.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin: 3.9pt 0cm; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: #1d2129;">No Evangelho de João, durante a última ceia, o
salvador do mundo, o Verbo encarnado, sob olhares estupefatos e confusos, lavou
os pés de seus discípulos. Na obra “Washing Peter's Feet” (1851-1856), o pintor
inglês Ford Madox Brown (1821–1893) sensivelmente encarnou a cena em óleo sobre
tela. Na pintura, vemos Jesus de joelhos e ao lado, jogadas e esquecidas, as
sandálias parcas de Pedro. As cores são sóbrias. No centro, com vestes cinza, o
mestr<span class="textexposedshow">e enxuga o pé destro pedrino com a toalha
amarrada em sua cintura. Mesmo em destaque mais claro, o pano torna-se extensão
do corpo fazendo de Jesus parte do ato. É o mestre inteiro cobrindo dedos e
calcanhar de seu impetuoso discípulo. Todos estão em silêncio e desconsertados.
A fala precipitada do impulsivo Simão deu lugar ao compenetrado olhar absorto
em direção às mãos divinas molhadas com a água, as quais sustentam seus pés
envoltos em pano. Há contrição na cena. O pescoço do discípulo dobrado e rígido
aperta sua barba branca ao peito, enrugando-lhe a testa, com a mesma força que
suas mãos se entrelaçam. Pedro está totalmente rendido, não pode fazer
absolutamente nada. Resta-lhe somente ser consumido pela pedagógica humildade
do mestre. Ao fundo estão os outros personagens da narrativa evangélica.
Imóveis, todos olham as mãos de Jesus. Os restos da ceia ainda estão na mesa.
No canto, talvez com os pés já doutrinados, Judas amarra suas alparcas. Ao lado
do seu braço descansa o saquinho com as moedas do conluio, colocando lado a lado
amor e traição, desejo de poder e serviço, ganância e desprendimento, morte e
ressurreição.</span><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 3.9pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #1d2129;"><br /></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 3.9pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #1d2129;">Ao mesmo tempo
em que Pedro se encolhe, apequenando-se, seus companheiros de seguimento
parecem não acreditar no que veem. Entre eles, quase oculto, alguém segura a
cabeça como se estivesse contemplando algo assustador. Talvez, seja João ao
lembrar-se envergonhado do pedido agora claramente ridículo. Enquanto ele e seu
irmão desejam assentar-se à direita e esquerda da glória, Jesus bebe o cálice
intragável da encarnação, serviço e humildade. No mesmo plano, outros se
consolam do choque e escândalo. À direita, boquiaberto, um dos discípulos
parece ser absorvido por aquela visão. Estão todos acuados e não há como
escapar de Jesus: “assim façais vós também”. Com a áurea na cabeça do Senhor,
Madox Brown expõe o paradoxo do lava-pés: mestre serve, Deus esvazia-se, o maior
se dobra, eternidade encarna-se, a força se fragiliza. A reação dos personagens
da pintura de século XIX revela o espanto do novo caminho instaurado, do qual a
comunidade de Jesus não pode se furtar.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 3.9pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 3.9pt; text-align: justify;">
<span style="color: #1d2129;"><br /></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 3.9pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 3.9pt; text-align: justify;">
<span style="color: #1d2129;">A partir
da memória do messias lava-pés, no enquadramento da semana santa, devemos
trocar todo projeto de poder, qualquer arrogância institucional, expressão de
superioridade, falsa piedade ou preconceito excluidor por bacia, água e pano.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 3.9pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 3.9pt; text-align: justify;">
<span style="color: #1d2129;"><br /></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 3.9pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 3.9pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="color: #1d2129; mso-ansi-language: EN-US;">(imagem: Ford Madox Brown, Jesus Washing Peter’s Feet,
séc. </span><span style="color: #1d2129;">XIX)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br /></div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-69223220855874453642019-04-12T13:58:00.002-03:002019-04-12T13:58:41.079-03:0080 tiros da nossa omissão!<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-bKKUUoeOJow/XLDDoLaGnuI/AAAAAAAASig/i2fzVx93omglQzJr2-GnkI5QdQr-L2zvACLcBGAs/s1600/mulher.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="587" data-original-width="960" height="243" src="https://2.bp.blogspot.com/-bKKUUoeOJow/XLDDoLaGnuI/AAAAAAAASig/i2fzVx93omglQzJr2-GnkI5QdQr-L2zvACLcBGAs/s400/mulher.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt;">Omitir
é deixar de agir ou se furtar da denúncia por conveniência ou insensibilidade.
É relativizar ou justificar com o silêncio quando urge a necessidade da
Palavra. É legitimar com a naturalização ou despreocupação relações e fenômenos
historicamente estabelecidos, como se não houvesse causas identificáveis e
passíveis de enfrentamento. A omissão é, então, o não profético, a
“acriticidade” cínica.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt;">A
falta de empatia, o medo da exposição, a cegueira ideológica e tudo o que
contribui para a inércia em tempos quando se exige o movimento, são
instrumentos eficazes e perigosos na construção da cultura da omissão, cuja
maior e mais terrível consequência é nos tornar coparticipantes, direta ou
indiretamente, da barbárie. Por isso, também são nossos os oitenta tiros
disparados contra aquela família no RJ, traumatizando pelo resto da vida os
sobreviventes e matando o pai de família Evaldo Rosa. São tiros ensurdecedores
da silenciosa omissão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt;">Convenientemente,
permitimos a sacralização do símbolo da morte. Em uma nação onde só em 2017
mais de 59000 foram vítimas de assassinatos (uma a cada 9 minutos), a arma
deveria ser vista como sinal de necessária vergonha e não tornada projeção
eleitoral. Em vez de arrancar sorrisos jocosos, o instrumento da morte deveria
ser lembrado somente quando seu uso fosse a última possibilidade – não se
festeja a violência, não se ovaciona o mal. Contudo, mesmo quando crianças
posaram, sob a motivação de adultos-monstros, seus dedinhos com sinal de armas
nós rimos e nos omitimos. O Brasil achou graça, votou, elegeu e coroou o
discurso da violência com o faixa da presidência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt;">Não
me interprete incorretamente. Eu sei que a desgraça e morte não foram
inventadas com os “oitenta tiros”. Por outro lado, quando a realidade é de
guerra, devem-se promover narrativas de paz. Em espaços nos quais a linguagem é
belicosa, o dicionário da sensibilidade e empatia precisa ser usado. Em tempos
de desumanização e desrespeito com a vida, é necessário popularizar-se o
discurso da solidariedade e do cuidado. Em contextos nos quais a injustiça
materializa-se em mortes de inocentes, ao invés de legitimar a violência do
Estado em nome do combate aos seus causadores, faz-se urgente pensar
estratégias e ações cujo caminho não percorra a mesma lógica daquilo contra o
que aparentemente se combate. É simples: não se vence a violência com outro
tipo de violência, mas com gestão justa, inteligência, prevenção e políticas
públicas. A cultura da morte ficou nua aos nossos olhos e fomos embriagados
pela omissão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt;">Os
oitenta tiros cumpriram a vocação do racismo estruturante e estrutural. Mataram
sem perguntar, porque ser negro nesse país significa torna-se setenta vezes
mais matável. E mesmo assim, seguimos negando a existência dessa histórica
chaga. Obstinadamente, insistimos em fingir serem inexistentes as estatísticas
e experiências cotidianas e continuamos, em passos largos, corroborando com a
naturalização da injustiça racial. Temo, porque a proteção dos bens e dos
“cidadãos de bem”, guiada pela estratégia do “atirar para depois averiguar”,
fará dos “já matáveis” potenciais candidatos a defensores mortos de sua
inocência. Por isso, e tantas outras coisas, ao ouvirmos falar e acompanharmos
a defesa do “excludente de ilicitude” sem críticas ou posicionamentos colocamos
juntos nossos dedos no gatilho dos oitenta tiros. Em nossa nação, a cultura do
extermínio é legitimada pelo Estado, aplaudida pelo povo, santificada pela fé
na brutalidade, justificada pela apologia da família, tratada como inevitável
pelos discursos simplistas e alimentada pelo ódio. Tudo sob nossos narizes,
olhos e ouvidos omissos e pouco críticos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt;">Esses
são os oitenta tiros da nossa omissão. Nosso pão amargo de cada dia. Contra o
qual oramos: livra-nos do mal. Amém!<o:p></o:p></span></div>
<br /></div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-11754873774370236532019-03-27T18:43:00.002-03:002019-03-28T09:24:51.737-03:00Pentecostalismo e Método Gramatical-histórico: vamos com calma...<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-fD5nCRk_ztM/XJvuK97Hn2I/AAAAAAAAShE/glSR1bQALIcXrL5xLXXksOE_IfXMrDIeACLcBGAs/s1600/lendo-a-biblia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="640" height="225" src="https://4.bp.blogspot.com/-fD5nCRk_ztM/XJvuK97Hn2I/AAAAAAAAShE/glSR1bQALIcXrL5xLXXksOE_IfXMrDIeACLcBGAs/s400/lendo-a-biblia.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt; text-align: justify;">
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt;">É muito comum ouvirmos ali e acolá o uso do termo,
por vezes relaxadamente, “hermenêutica pós-moderna” ou preconceituosa
desqualificação do possível diálogo entre essa perspectiva e a hermenêutica
pentecostal. Parece-me que os principais ruídos surgem porque se acredita que os
métodos filhos da Modernidade, especialmente o gramatical-histórico, sempre
foram o lugar através do qual os pentecostais leram a bíblia. Então, farei
algumas ponderações:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt;">1. O uso dos métodos histórico-gramatical e
histórico-crítico entram na história da hermenêutica pentecostal especialmente
quando a Assembleia de Deus dos EUA é integrada ao National Association of
Evangelical (NAE), cujos traços são neo-ortodoxos e barthianos, especialmente
pelo uso construtivo e piedoso das ferramentas exegéticas modernas, um tipo de
“criticismo moderado”. Antes disso, havia um vácuo no movimento pentecostal em
relação à discussão sobre a maneira mais plausível para leitura do texto.
Inicialmente, encontramos entre os pentecostais à leitura bíblica dos
movimentos de santidade, conhecida com “Bible Reading Method e perspectivas
mais pragmáticas de leitura. Stronstad chama esse período inicial de
“hermenêutica pragmática”, Oliverio trata como “Original Clássica” e o teólogo
pentecostal coreano Chang-Soung Le nomeia-a de “pré-moderna, pré-crítica e
continuísta”. A hermenêutica de Parham e Brumback, segundo este último autor,
era contrária à Alta Crítica e continuísta, na contra mão do cessacionismo.
Nesse sistema interpretativo, constrói-se a inter-relação das três
experiências: (a) a experiência de Jesus e seus discípulos, anterior ao texto
bíblico; (b) a experiência escrita no texto; (c) a experiência das comunidades
contemporâneas. Por isso, antes das primeiras discussões entre os acadêmicos
pentecostais, a reexperiência carismáticas era o lugar hermenêutico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt;">2. Os pentecostais eram acusados pelos evangélicos
dependentes dos métodos desenvolvidos e usados em horizonte neo-ortodoxo de
irresponsável alegorização e espiritualização dos textos. G. Fee tenta resolver
essa querela defendendo o sentido histórico e o uso da crítica do gênero
literário para a leitura pentecostal – tal trilha metodológica levará Fee a ler
Atos, por exemplo, como livro histórico, não didático e pouco apropriado para a
construção teológica. W. Menzie e R. Menzie, por sua vez, defenderão o uso das
críticas da redação e das fontes do método histórico-crítico. Robert Menzie,
por exemplo, seguirá os neo-evangélicos (neo-ortodoxos) William W. Klein, Craig
L. Blomberg e Robert L. Hubbard Jr., os quais estão inseridos no “criticismo
moderado”. H. Ervin, na esteira do uso dos métodos históricos e críticos, como
a NAE fazia, acrescentará a fenomenologia. No Brasil, popularizaram-se as obras
de Stronstad e Craig Keener que defendem o uso do método histórico, mas numa
perspectiva menos crítica. Contudo, o próprio Stronstad admite, como fez Ervin
e outros, a impossibilidade da anulação dos pressupostos, para o leitor em
geral, e da experiência carismática, para o leitor pentecostal. Contudo, como
são devedores dos métodos racionalistas modernos, como eram os evangélicos da
NAE, eles defendem a leitura histórica do texto, a intenção do autor real e o
sentido gramatical.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt;">3. Como se percebe, os métodos históricos
(gramatical ou crítico, moderados ou não) não devem ser tratados como “os”
verdadeiros caminhos da hermenêutica pentecostal, mas parte de sua história,
especialmente por suas relações como os reformados e evangélicos. Como no
Brasil livros e textos popularizados estavam e estão sob essa égide, fica a
impressão de que o MHG representa “a” hermenêutica pentecostal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt;">4. É preciso diferenciar pedagogicamente os termos
“hermenêutica” e “exegese”. O primeiro se refere à teoria do sentido, às
discussões epistemológicas e ao processo de compreender e explicar o texto.
Como ciência do sentido, a hermenêutica é mais filosofia da interpretação do
que ação interpretativa. Exegese, por sua vez, seria prática e caminho
metodológicos, o ato de interpretar. Dessa forma, os métodos de interpretação
são filhos e encarnam as epistemologias e perspectivas hermenêuticas. Por
exemplo, o MHG e MHC são ferramentas com pressupostos próprios do paradigma da
Modernidade racionalista. Por isso, pretendem anular as influências da
experiência do leitor ou da tradição para acessarem direta e objetivamente o
sentido original dos textos. Esse triunfalismo da razão é o que alimenta o
lugar epistemológico desses métodos. Por isso, esses caminhos geraram leituras
cessacionistas e críticos. Por que ao usá-los os pentecostais romperam o
criticismo liberal e o fundamentalismo cessacionista evangélico? Simples, por
conta da experiência pneumático-carismática dos leitores e biblistas
pentecostais. Stronstad, defensor do método HG, ao falar da melhor leitura de
Atos seguida pelos pentecostais, o que significa vencer o cessacionismo e
aceitar a ação carismática de Deus, admite: “isso é principalmente porque os
pentecostais trazem um pressuposto experiencial válido para a interpretação de
Atos e não porque fazem uma exegese histórico-gramatical superior de Atos”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt;">5. O que caracteriza a leitura pentecostal não é o
método “a” ou “b” (caminho ou instrumentos usados para interpretação), mas a
maneira como se aproxima do texto e os resultados dessa apropriação. Antes de
qualquer coisa, a perspectiva da “(re)experiência” é o que caracteriza a
interpretação pentecostal: os carismas experienciados nas comunidades cristãs
originárias (glossolalia, batismo com o Espírito Santo, profecia, empoderamento
do Espírito etc.), especialmente em Atos, são os mesmos das comunidades
pentecostais contemporâneas. E, consequentemente, como mesmo admitem alguns
exegetas pentecostais histórico-gramaticais, é exatamente essa experiência que
permite ao fiel pentecostal ser capaz de perceber no texto a realidade dos
carismas. Por isso, precisamos admitir que a experiência carismática precede a
leitura pentecostal dos textos bíblicos. E mais do que isso, é necessário levar
em consideração as implicações disso para a identidade teológica do (s)
pentecostalismo (s) e sua hermenêutica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt;">5.1. Os métodos são instrumentos </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt;">e estão sob a orientação de pressupostos
epistemológicos. Mesmo que os biblistas pentecostais leiam a Bíblia de maneira
não cessacionaista ao aplicar os métodos HG ou HC, a perspectiva hermenêutica
desses métodos é, antes de qualquer coisa, racionalista e historicista. Eles
são devedores do paradigma do sujeito cujo projeto é eliminar todas as
interferências subjetivas e experienciais no processo interpretativo. Logo, uma
pergunta precisa ser feita: é possível usar outros caminhos exegéticos que
sejam mais adequados à identidade da experiência pentecostal sem ser uma
simples alegorização, espiritualização, polissemia infinita ou violação não
exegética do texto?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt;">5.2. Um caminho foi pensado por John Christopher
Thomas e K. Archer. A partir do modelo de At 15, segue-se a relação dialética
entre Espírito, texto e comunidade. Assim, a experiência não somente
individual, mas afinada e analisada em comunidade possibilita iluminar o texto,
o qual, na mesma mão, serve como fonte para criticar e perscrutar a
experiência. Consequentemente, a experiência é admitida e modela uma leitura
não neutra e não racionalista do texto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt;">5.3. Além dessa intuição, várias metodologias podem
ser usadas para o acesso ao texto, inclusive as ferramentas do MHG ou MHC.
Contudo, os instrumentos tais quais narratologia, semiótica, as análises
literárias, a estética da recepção, a nova retórica, a análise do discurso etc.
podem ser instrumentos que rompem com as perspectivas metodológicas da
Modernidade, sem desqualifica-las ou excluírem totalmente, mas podem ajudar na
formulação de perguntas e caminhos interpretativos mais adequados aos
horizontes hermenêuticos pentecostais. Como método de interpretação, e mesmo
que sejam conhecidos como pós-metafísicos ou “pós-modernos”, eles servem para
enclausurar os múltiplos sentidos do texto – ou seja, não permitem qualquer
interpretação ou não validam propostas não plausíveis –, mas, ao mesmo tempo,
valorizam ou consideram, desde suas bases epistemológicas, o que é
importantíssimo para a hermenêutica e teologia pentecostais: a não neutralidade
da experiência do fiel. Assim como Fee e outros acessaram as ferramentas
modernas para resolverem seu desafios de sistematização e defesa da fé
pentecostal, hoje há outros e outras biblistas pentecostais dialogando com as
demandas impostas pela contemporaneidade, a qual tem nos mostrado a derrocada
do paradigma no sujeito moderno-iluminista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt;">6. Por fim, seriam erros históricos (a) tratar a
hermenêutica pentecostal como sinônimo de MHG (ou MHC), (b) defender a ideia
moderno-racionalista da intenção do autor como a principal preocupação da
leitura pentecostal, (c) dizer que usar os métodos não metafísicos
(pós-modernos) é defender a possibilidade de qualquer sentido no texto ou ser
relativista (e, para alguns, “liberal”).<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br /></div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-64393064193494201402019-03-09T11:53:00.001-03:002019-03-09T11:53:22.951-03:00Para você escolher um lado a respeito da Reforma da Previdência.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="_3x-2" data-ft="{"tn":"H"}" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div data-ft="{"tn":"H"}" style="font-family: inherit;">
<div class="mtm" style="font-family: inherit; margin-top: 10px;">
<div style="font-family: inherit; position: relative;">
<div class="_5cq3 _1ktf" data-ft="{"tn":"E"}" style="font-family: inherit; margin-left: -12px; position: relative;">
<a ajaxify="https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2152892831465891&set=a.126116114143583&type=3&eid=ARC2PoABt3vaVWe0y0hDc9vEQAGhO_CD6o8Ru0dRQPxcl7ju44mGE_XAlZtqtPJMgFaoJmYdUtsh7vpm&size=660%2C371&source=13&player_origin=story_view" class="_4-eo _2t9n" data-ploi="https://scontent.fvix1-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/53484828_2152892834799224_6782860701737156608_n.jpg?_nc_cat=110&_nc_ht=scontent.fvix1-1.fna&oh=43df6cae19fdf6b2c8e2dc04766c0427&oe=5D094572" data-render-location="permalink" href="https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2152892831465891&set=a.126116114143583&type=3&eid=ARC2PoABt3vaVWe0y0hDc9vEQAGhO_CD6o8Ru0dRQPxcl7ju44mGE_XAlZtqtPJMgFaoJmYdUtsh7vpm" rel="theater" style="box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.05) 0px 1px 1px; color: #365899; cursor: pointer; display: block; font-family: inherit; position: relative; text-decoration: none; width: 500px;"></a></div>
</div>
</div>
</div>
</div>
<br />
<div class="_5pbx userContent _3576" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_1tp" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; line-height: 1.38; margin-top: 6px; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-uAL0wcdeX5w/XIPTSFNogrI/AAAAAAAASf0/2bRCdaLRyOwNdQlV7M_Slk_EwtKYanXdQCLcBGAs/s1600/reforma.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="371" data-original-width="660" height="179" src="https://1.bp.blogspot.com/-uAL0wcdeX5w/XIPTSFNogrI/AAAAAAAASf0/2bRCdaLRyOwNdQlV7M_Slk_EwtKYanXdQCLcBGAs/s320/reforma.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="font-family: inherit; margin: 0px 0px 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: inherit; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
1. Sim, há um problema conhecido como deficit. No INSS é de 268 bilhões; dos servidores, 195 bilhões; militares, 43 bilhões; Fundo Constitucional do DF (FCDF), 4 bilhões. Como resolver isso? Com a Reforma proposta por Temer ou esta "renovada" pelo atual governo? NÃO. Realmente, não!</div>
<div style="font-family: inherit; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
Vamos analisar:</div>
<div style="font-family: inherit; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
1.1. Entre 2007-2017, segundo o CONAMP, o Brasil abriu mão de 2,265 trilhões através de isenções previdenciárias. Só em 2017 o governo abriu mão de 354 bilhões com isenções. Na fala do Guedes-Bolso, com a tal Reforma em dez anos economizaremos 1 trilhão. No entanto -- sem tirar direitos ou mexer, por exemplo, no Benefício de Prestação Continuada (BPC) [valor pago a idosos pobres] --, se o governo não desse isenções irresponsáveis economizaria um pouco mais do que isso em três anos! Entendeu?</div>
<div style="font-family: inherit; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
1.2. 4% do PIB bruto no Brasil é para benefícios fiscais! Em 2013 a certa básica teve o imposto zerado. Ótimo. Contudo, Itens como Caviar, filé mignon, salmão e queijos importados foram colocados na mesma categoria! Como estão fora do orçamento, não entram na disputa quando são avaliadas as prioridades. Pasme: esses produtos "populares" não são contabilizados! Em suma, sem avaliação os produtos consumidos pela elite brasileira são insetos de impostos mesmo que isso custe o mesmo valor gasto com a educação pública!</div>
<div style="font-family: inherit; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
1.2. Além disso, há empresas em atividade com dívidas não cobradas: das 32 mil empresas, 82% ainda está atuando. São 426 bilhões não repassados!</div>
<div style="font-family: inherit; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
1.3. Outro ponto é há a DRU (Desvinculação das Receitas da União) que tirou da Seguridade Social -- onde estão Saúde, Previdência e Assistência Social -- 92 bilhões em 2016 cuja maior parte serviu para pagar juros e amortizar a dívida pública. A DRU foi criada na década de 90 por causa da hiperinflação. No entanto, ela vem sendo renovada e ficará por aí até 2023.</div>
<div style="font-family: inherit; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
1.4. A Receita Federal não tem uma estimativa da dívida causada pela sonegação fiscal e previdencial causada pelo descumprimento da legislação trabalhista. Como podemos falar em reforma da previdência sem termos os dados de quem está produzindo, ou ajudando a produzir, o deficit?</div>
<div style="font-family: inherit; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
2. O governo diz: "sem a reforma da previdência o Brasil quebra, não há outro caminho"! Mentira! Há outro caminho sim. No mínimo algumas ações anteriores à radicalização. Primeiramente, antes de qualquer coisa, sem tirar direitos ou diminui-los (o caso da BPC é um absurdo!), é necessário expor e investigar urgentemente a sonegação. Depois, mexer nas isenções. No combate a esse último, teríamos em 3 anos (!) a economia de 1 Trilhão!</div>
<div style="font-family: inherit; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
3. Há outro grave problema. Os deputados, inclusive a bancada evangélica, já estão exigindo negociatas para a aprovação da PEC da Reforma. Ou seja, o povo está à mercê de um engodo retórico que servirá de moeda de troca aos vampiros!</div>
<div style="font-family: inherit; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
De que lado você está? Não apoie antes de cuidadosa avaliação.</div>
<div style="display: inline; font-family: inherit; margin: 6px 0px 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A nós, povo do Evangelho, cabe-nos o discernimento do Espírito, cujo produto ético alicerça-se sobre as bases do projeto do Reino!</span></div>
</div>
</div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-51833849597907869412019-03-07T13:20:00.002-03:002019-03-09T17:21:36.504-03:00Reexperiência e a Hermenêutica Pentecostal<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-8X9Kf5d3W3o/XIFEgR6KEhI/AAAAAAAASfc/Uubj7nc8MTAwQGT4tQ5CIcsyuYedmr6OgCLcBGAs/s1600/pentecostalismo.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="264" data-original-width="390" height="216" src="https://1.bp.blogspot.com/-8X9Kf5d3W3o/XIFEgR6KEhI/AAAAAAAASfc/Uubj7nc8MTAwQGT4tQ5CIcsyuYedmr6OgCLcBGAs/s320/pentecostalismo.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
Desde Benjamin
H. Irwin, C. Parham, Seymour e outros, a grande reivindicação pentecostal da
leitura bíblica em geral e de Atos em especial se estabelece na reexperiência
da experiência das primeiras comunidades cristãs. Entre esses e movimentos
corolários, a ação do Espírito, visibilizada tanto pelo novo nascimento quanto
pelos dons e sinais, é fenomenologicamente revivenciada na contemporaneidade.
Com Parham, por exemplo, afirma-se a inter-relação estabelecida na tríade
“experiência vivida antes do texto”, “experiência presente no texto” e a
“experiência estabelecida e observada hoje nas comunidades pentecostais”.
Howard M. Ervin, discutindo sobre a relação entre o saber sensorial e
racionalista, afirma que “quando um leitor é confrontado pelo Espírito através
da mesma experiência dos apóstolos, ele pode compreender melhor o testemunho
apostólico”. Por isso, “esse fenômeno é a pneumática continuação entre os
leitores de hoje e a fé apostólica comunicada na Bíblia” (“Hermeneutics: A
Pentecostal Option”, in: Pneuma 3/2). Esse autor defende ser a experiência no
Espírito o lugar de encontro entre passado e presente, histórico e vivencial.<o:p></o:p></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; orphans: 2; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
Assim,
os sinais, glossolalia, a pregação da realidade dos milagres etc. contrariaram
a Modernidade racionalista e iluminista, porque criaram espaços discursivos
para a reexperiência sobrenatural na comunidade, considerada igual à fundante,
tornando o passado realidade presente. Conseguintemente, o Pentecostalismo
apresentou-se como um grito contra o cessacionismo e criticismo, os quais são
filhos do mesmo racionalismo moderno. Com isso, entendemos a afirmação de
Margaret M. Poloma: “o Pentecostalismo é um antropológico protesto contra a
Modernidade porque propõe uma mediação para o encontro com o sobrenatural”.
Contudo, não é totalmente “pós-moderno”, pois preserva as metanarrativas de
salvação, verificação dos milagres, usa o termo “evidência” (linguagem das
ciências modernas) e preserva afirmações dogmáticas. No entanto, mesmo surgindo
na Modernidade e sendo sua linguagem mais ou menos científica, o
Pentecostalismo abre a porta para a irrupção sobrenatural diagnosticada na
experiência/reexperiência dos carismas, os quais não se enquadravam (enquadram)
no logocentrismo científico dos séculos em torno do seu surgimento. Essa é a
razão de alguns autores qualificarem-no como “paramoderno” (K. Archer). Na
questão hermenêutica, com sua perspectiva ahistórica (porque afirma ser suas
experiências atuais as mesmas das comunidades cristãs antigas), os pentecostais
fundem as imagens do texto e o presente, reconhecem-se na Bíblia, encontram a
si mesmos nas narrativas e, naturalmente, reivindicam continuidade entre comunidades
das origens e a fé vivenciada carismaticamente nas igrejas atuais. Em termos
epistemológicos, isso rompeu com os pressupostos dos dois horizontes
metodológicos do protestantismo dos sécs. XVII-XIX:
cessacionista/fundamentalista e historicista/crítico</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<br /></div>
</div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-60365578248401767962019-01-31T11:55:00.001-02:002019-01-31T11:55:30.078-02:00Olavo de Carvalho, Bernardo Küster e Yago Martins: na terra de cego quem tem um olho só é...<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-8SetpP2rzi8/XFL9FBv_NOI/AAAAAAAASec/LxqzOg1Ua8sBkCjo38YSibOt-j33WJODQCLcBGAs/s1600/treta.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="180" src="https://1.bp.blogspot.com/-8SetpP2rzi8/XFL9FBv_NOI/AAAAAAAASec/LxqzOg1Ua8sBkCjo38YSibOt-j33WJODQCLcBGAs/s320/treta.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Acompanhei,
por indicação de um amigo, a discussão travada entre os youtubers Yago Martins
(Yago Martins - Dois Dedos de Teologia) e Bernardo Küster. Tudo começou quando
Yago “refutou” o texto “Por que não sou evangélico” escrito pelo grotesco
(usando um termo bakhtiniano) Olavo de Carvalho cujo principal ponto é a
disputa entre as perspectivas protestantes e católicas sobre a Ceia/Eucaristia.
Por ser um assunto que me interessa, prender a atenção de tantos leitores e estar
ligado à leitura de textos bíblicos, farei algumas considerações tanto a
respeito da querela entre os nobres debatedores quanto ao tema em discussões.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">1.
O tal Bernardo é declaradamente discípulo do Olavo e o embate com Yago foi
motivado por tomar as dores de seu mestre. Até aí tudo bem. Contudo, ele abre o
vídeo com uma série de desrespeitos, desonestidade intelectual, arrogância
patológica e, talvez, mentiras. A maneira indelicada quando se refere ao seu
adversário me pareceu muito “esquisita”. Para desqualificar seu interlocutor,
afirma ter estudado um período na mesma instituição onde Yago terminou seus
estudos teológicos. Bernardo diz (acredite!) ser a Faculdade Teológica Sul
Americana academicamente fraca e ideologicamente contaminada. Tentando ilustrar,
conta que os professores não sabiam nada a respeito da Patrística a ponto de
irem até ele em busca de conteúdo. Contudo, a loucura não fica só nisso. Ele
diz conhecer todo o corpo docente da instituição, inclusive o prof. Julio
Zabatiero, a quem, como afirma no vídeo, humilhou intelectualmente depois de
difícil discussão. Segundo o “grande ex-aluno”, Julio, envergonhado pelo
nocaute teológico, nunca mais voltou para a mesma sala de aula. Perdoem-me o
juízo de valor, mas para quem conhece o brilhantismo do Julio e sua capacidade
argumentativa, ouvir isso é risível: esse rapaz além de hiperconservador é tão
arrogante que se aproxima da loucura. No fundo, acho ser ele um grande
mentiroso. Mesmo que isso tenha acontecido, o que acredito ser impossível, não
é honesto desmontar o argumento do seu oponente de debate desqualificando seus
professores ou sua instituição. Se for assim, onde seu guru formou-se? Seu
doutorado foi defendido em que Universidade, mesmo? Outra coisa, Küster diz ser
um ex-teólogo protestante muito estimado cuja reputação foi jogada ao
ostracismo depois de se tornar católico. Confesso: nunca ouvi falar do
"grande teólogo" Bernardo Küster.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">2.
Realmente, o texto do idiocrático Olavo é recheado de generalizações,
imprecisões históricas e erros teológicos. O paladino do saber diz que Jesus
nunca nos recomendou “a leitura do grande livro”. Ora, se Olavo interpreta como
uma recomendação à leitura da Bíblia como a temos hoje, isso seria um equivoco
óbvio, porque só havia a Bíblia Hebraica, a LXX e os pseudepígrafos. Ainda, ele
diz: “O que Ele diz, isto sim, e com palavras inconfundíveis, é que a salvação,
o ingresso na vida eterna, só vem por um único meio: comer o Seu Corpo e beber
o Seu sangue”. Não, Jesus não diz isso! Se ele for literalista como exige em
sua refutação ao Yago ou na maneira como tenta fazer, nem Lc ou 1Co fazem essa
firmação. O pior vem na mesma argumentação: “Nem mesmo um retardado mental pode
confundir essas duas ações com a leitura de um livro, por santo e sublime que
seja”. Se no texto ele deseja indicar o equívoco do "biblismo"
(biblicismo?) protestante, seria um erro simplório afirmar que os protestantes,
representados por Lutero e Calvino, citados no texto, acreditam que lendo a
Bíblia serão salvos ou entrarão na vida eterna. Se lermos isso com as outras
partes do seu texto, perceberemos que Olavo coloca lado a lado duas possíveis
opções para a salvação: a. por meio da leitura bíblica ou b. mediante a
participação no sacramento da Eucaristia. Essa interpretação desvairada sobre a
Teologia da Palavra de Deus em Lutero ou alguns protestantes, confirma-se na
seguinte afirmação: “Recusando-se a obedecer a ordem explícita de Jesus Cristo,
Lutero, Calvino e tutti quanti instituíram em lugar dela o biblismo, o culto do
texto bíblico, fazendo deste, em vez da Eucaristia (...).” Quem conhece um
pouco da teologia de Lutero, por exemplo, sabe que Palavra de Deus e texto
bíblico não são a mesma coisa, o que não o colocaria entre os literalistas
bíblicos. E, pior, qualquer protestante ligado às reformas europeias sabe que
salvação, em suma, é pela Graça mediante a fé, em Cristo, e não por qualquer
outro mediador. A Bíblia, nesse sentido, seria o lugar no qual se acessa a
revelação sobre Jesus e sua graça. Por isso, Olavo e Bernardo demonstram total
desconhecimento a respeito da teologia ou teologias protestantes. E sobre
“comer o Seu Corpo e beber o Seu sangue” como “único” meio para “vida eterna”,
não é uma clara proposição da tradição católica. Mesmo que seja intuído pela
teologia do sacramento, essa afirmação rápida feita por Olavo não dá conta de
uma série de problemas e necessárias explicações. Além disso, em Rm 10.9 temos
uma afirmação paulina a respeito de salvação que não se enquadra na mediação
proposta por Olavo de Carvalho: “A saber: Se com a tua boca confessares ao
Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos,
serás salvo”. A bíblia tem muitas vozes, entre as quais não está a olaviana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">3.
A respeito dos textos usados por Olavo de Carvalho e os termos gregos, creio
que transliterar o “úpsilon” com “u”ou com “y” não seja o grande problema,
mesmo que o Yago tenha indicado outra possibilidade à proposta do Olavo de
Carvalho. Infeliz, na verdade, é a maneira como os textos de Lc 22.19 e 1Co
11.24-26 são lidos. No primeiro, diferentemente dos outros sinóticos, depois de
partir o pão e dizer que “toûtó estin tó soma mou tó húper humôn didómenon”
(“este é o corpo meu o qual por vós (foi) dado” – traduzindo de maneira mais
próxima da estrutura original), Jesus diz que “toûto poieîte eis tén emén
anámnesin” (“isto fazei para a minha memória/lembrança”). O “isto” que deveriam
fazer (poieîte) se refere não ao pão se tornar em corpo ou vinho em sangue,
numa espécie de primeiro ato de transubstanciação, mas ao rito que será tratado
como uma lembrança (“anamnesin”). No outro texto, Paulo segue a tradição
lucana, deixando de lado os textos de Mt e Mc, e afirma ser esse rito um
memorial (1Co 11.25) o que servirá de “anúncio” da morte até que “Ele venha”
(v.27). Mesmo respeitando a legitimidade da tradição em torno da
transubstanciação, nos textos citados, pelo menos para os protestantes, não
podemos pressupor sua presença somente pelo uso do “isto”, como insiste Olavo
de Carvalho e seu “pequeno gafanhoto”. E mais improvável seria afirmar que
Jesus esteja dizendo ser esse rito o “único” caminho para a salvação, como
afirma o texto olaviano. Depois desse arrazoado, fica claro o equívoco em
colocar lado a lado “salvação pela Bíblia” e/ou “salvação mediante a eucaristia”
como caminhos opostos do Protestantismo e Catolicismo. Então, a afirmação “É
meu direito e meu dever considerar isso uma heresia, um escarnio e um
escândalo, temendo pelo destino eterno de todos os que se deixaram enganar por
tão grosseira patifaria” não passa de preocupação desnecessária e caricatura
simplista do pseudoteólogo Olavo de Carvalho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">4.
Tanto a leitura do Bernardo quanto a do Olavo são infantis e não levam em
consideração até mesmo as indicações da Encíclica Divino Afflante Spiritu que
critica leituras fundamentalistas e literalistas, defendendo a importância da
compreensão dos gêneros literários e seus contextos histórico-culturais.
Percebe-se isso, por exemplo, quando Olavo de Carvalho e seu pupilo confundem
as palavras de Jesus com a redação dos evangelistas. Ou seja, a imagem deixada
é de total ignorância a respeito das pesquisas neotestamentárias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">5.
Se essas forem as razões da negação de legitimidade do Protestantismo a ponto
de Olavo se afirmar um católico convicto, está provado que suas certezas são
muito frágeis. No entanto, isso é bom, porque gera humildade diante das
afirmações sobre a fé ou Tradição. Por outro lado, como a humildade não está
entre as características do Bernardo e Olavo, talvez, só lhes resta a obtusa
ignorância.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Opa,
não poderia me esquecer. Como gostam de fazer, permitam-me chamar vocês dois,
Olavo e Bernardo, de idiotas, burros, ignorantes etc. Tenho a liberdade de
tratá-los assim, reproduzindo a maneira como vocês se reportam aos seus
“mortais” interlocutores. Desculpe-me, é só uma brincadeira. Quis somente dar a
vocês um pouco do próprio elixir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Não
tem jeito, na terra de cego quem tem um olho é... olavete (kkk)<o:p></o:p></span></div>
</div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-82033402581476588062019-01-25T11:15:00.001-02:002019-05-17T23:07:26.525-03:00"Diabo e Satanás: Pequena ajuda para os professores da EBD - CPAD" .<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-fBb-Nq9QhRs/XEsLzkJptHI/AAAAAAAASd8/D8wX0iOCHyEiymAElAwguLkMOqFFZc7VQCLcBGAs/s1600/revista-cpad-lies-bblicas-adultos-1-trimestre-de-2019-1-638.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="972" data-original-width="638" height="400" src="https://2.bp.blogspot.com/-fBb-Nq9QhRs/XEsLzkJptHI/AAAAAAAASd8/D8wX0iOCHyEiymAElAwguLkMOqFFZc7VQCLcBGAs/s400/revista-cpad-lies-bblicas-adultos-1-trimestre-de-2019-1-638.jpg" width="262" /></a></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
Um amigo pediu-me que falasse um pouco a respeito desse tema por ser professor de EBD em uma Assembleia de Deus. Pelo que parece, esse é o assunto do trimestre. Como tenho outros interessados aqui no assunto, disponibilizarei minha resposta.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
Sobre a discussão em relação à origem do (s) demônio (s) no NT, há alguns pontos:</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
1. A imagem do demoníaco, ou seja, a forma narrativa como são descritos no NT tem sua origem em textos do AT e, especialmente, ou quase totalmente, na literatura do Segundo Templo (livros pseudepígrafos e apócrifos - especialmente na literatura conhecida como “apocalíptica”). O AT não fala de demônios contrários a Deus ou de algum líder de um exército maligno contra os planos divinos, como Belzebu ou Satanás do NT. Por exemplo, Satã no AT é o termo usado para quaisquer adversários históricos (Sl 71.13; 1Sm 29.4), em Jó ele está entre os Ben Elohim (filhos de Deus), em Zc está na corte celestial. Por exemplo, o "espírito" que possessa Saul em 1Sm 16.14 vem da parte de Deus e o espírito de mentira na boca dos profetas tem origem, também, “da parte de Javé” (2Cr 18). Com esses e outros exemplos, percebemos que a ideia do "diabo", como vemos no NT, não está presente no AT, o que não poderíamos dizer em relação à literatura pós-AT (literatura judaica e cristã do Segundo Templo).</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
2. As narrativas do NT, especialmente os sinóticos, constroem seus textos pressupondo que eles existam e atuam na vida das pessoas. Não há nenhuma explicação de sua origem ou fonte de poder. Contrariando algumas interpretações, Lc 10.18 não é uma descrição de anjos que caem, mas a vitória dos discípulos quando Jesus os enviou. A ideia de um ser expulso da região celestial (“Lúcifer”) por arrogância é uma interpretação patrística a Is e Ez para a origem do diabo. Além disso, foi a Vulgata (tradução para o Latim) que traduziu Helel Ben-Shahar (Helel, filho da manhã) por Lúcifer, que seria o mesmo termo usado pelos romanos para se referir a uma estrela visível nas manhãs mediterrâneas. Na literatura profética, essa expressão em hebraico foi usada como metáfora para descrever a grandeza de um rei que cairia (Is 14). Por isso, em Is 14 – como também em Ez 28 – não há referência a anjo ou ser celestial. No entanto, é possível encontrar indícios em Is da narrativa ugarítica a respeito da queda de Attar, mas no profeta refere-se ou é aplicada à queda do rei da Babilônia, como o próprio texto já informa. Basta ler contexto e isso fica claro.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
3. Contudo, há um livro muito importante para os Judaísmos e Cristianismos das origens no qual encontramos, sim, a relação entre a origem dos demônios com a queda de anjos: 1 Enoque (séc. III-II a.C). Nesse texto é narrado que os anjos (Vigilantes) se apaixonaram pelas mulheres, desceram, tiveram filhos com elas (chamados de Gigantes - releitura de Gn) e, depois do dilúvio, uma vez que seus pais (os vigilantes) são presos, os Gigantes são mortos. Dos seus corpos, segundo o texto (1En 19), saem seus espíritos, chamados de "espíritos imundos" cujas ações são aterrorizantes e malignas. No decorrer dos séculos, essa obra influenciou outros livros judaicos e, também, cristãos (1Pd 3.19; Judas etc.). Entre eles o livro de Jubileus (obra judaica do séc. II a.C.), no qual se afirma que esses espíritos que saíram dos corpos dos Gigantes tinham um líder, Mastemas, e causavam males aos homens. Em Qumran (manuscritos encontrados a partir de 1947 perto do Mar Morto) há textos de exorcismos nos quais são citados os "espíritos imundos". Essas imagens são bem próximas do imaginário demonológico neotestamentário. Então, podemos dizer que aqui há uma tentativa judaica para explicar a origem dos demônios e de um chefe entre eles. Possivelmente, com objetivos diferentes, Ap 12 esteja ecoando essas narrativas.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
4. Por isso, não temos na tradição bíblica uma explicação substancial a respeito da origem do diabo e dos demônios. O NT antes pressupõe a existência desses seres do que explica sua origem.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Mais informações você pode encontrar no livro que escrevi (resultado da minha dissertação) e alguns artigos que publiquei.</div>
</div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-69944761840768378512019-01-16T16:11:00.000-02:002019-01-16T16:44:49.214-02:00Arma nossa de cada dia dá-nos hoje! A Flexibilização do Estatuto do desarmamento<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/--eAZ4pp8TLc/XD9zoJKNEGI/AAAAAAAASdY/RDQ74m7Te0QTkLfGYYnLailUmIzjQG2-QCLcBGAs/s1600/arma.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="183" data-original-width="276" height="424" src="https://2.bp.blogspot.com/--eAZ4pp8TLc/XD9zoJKNEGI/AAAAAAAASdY/RDQ74m7Te0QTkLfGYYnLailUmIzjQG2-QCLcBGAs/s640/arma.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O
decreto de flexibilização do Estatuto do Desarmamento, segundo o presidente,
resolveu especialmente o subjetivismo da exigência de comprovação da “efetiva
necessidade” na obtenção de arma de fogo, prevista no artigo 12 do Estatuto.
Agora, além dos agentes públicos (inclusive os inativos) da área de segurança,
militares (ativos e inativos), colecionadores e caçadores, as famílias
residentes em área rural e em cidades que tenham taxas acima de dez homicídios
por cem mil habitantes também poderão possuir armas em casa. Como dizem seus
defensores, seria mais um passo ao direito de defesa, luta contra os criminosos
impunes e a possibilidade de proteção da família.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Mesmo
com aparência de legitimidade (quem não concordaria em proteger sua família?),
essa nova regulamentação precisa ser vista a partir de duas desconfianças: (1)
os interesses corporativos e (2) possível “tiro no pé” (para usar um
trocadilho).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Quem
imediatamente ganha com esse decreto são as empresas de armas e seus tentáculos
de mercado. Dados do ano passado mostram que mesmo sob o antigo estatuto há
mais de 600 mil armas nas mãos de civis brasileiros. Com o novo decreto, o
empreendimento da Taurus, por exemplo, lucrará assustadoramente. Os negócios
melhorarão para essas corporações também porque a canetada presidencial
permitiu a compra de 4 armas por titular, com possível acréscimo desse número
caso o interessado tenha, por exemplo, mais de uma propriedade rural.
Consequentemente, antes mesmo do interesse público, essa mudança já é celebrada
pelo mercado das armas, talvez o maior beneficiado. Lembrando que o referendo
de 2005 era em relação à comercialização e não posse de armas e pesquisas
atuais mostram que 61% são contra a liberação. Outra parte importante da
mudança é que o Brasil inteiro se encaixa nos dados apresentados pelo Atlas da
Violência de 2018! Ou seja, o mercado terá grandes tendas. Mais um detalhe,
somando a compra e procedimentos para aquisição da arma, o gasto chegaria a 10
mil reais! “O direito de defesa” seria um bem acessado por quem? Sinceramente,
a serviço de quais interesses essa mudança está?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Outro
ponto, e chamo de “tiro no pé”, desse decreto é a visão de funcionamento social
das suas bases. Se morar em cidade violenta legitima armar a população, então,
significa que cidadão armado em casa garante proteção, inibe crimes (furto de
casas etc.), coloca nas mãos do “pai de família” o direito de defender seu lar
(“se um criminoso tem armas, por que um cidadão de bem não pode ter”?) e,
naturalmente, resolve de maneira imediata a violência – bingo! No entanto, esse
raciocínio é, no mínimo, simplista, para não dizer irresponsável. Veja alguns
dados. Pesquisas mostram que parte das armas de fogo utilizadas em ocorrências
criminosas foi originalmente vendida de forma legítima a cidadãos
autorizados, os quais tiveram a arma desviada ou roubada. Se a questão é
rivalizar com os meliantes, saiba que o tiro pode sair pela culatra. Outra
coisa, estar armado em casa não diminuirá a violência na cidade. Daí você
diria: – “então melhor mesmo seria o porte”. Claro que não (!), até a Bancada
da Bala é contra esse absurdo. Como mostram pesquisas expostas no Fórum de
Segurança Pública, mesmo com os procedimentos necessários para o registro,
legítimo agora por 10 anos, estar armado significa mais risco e os dados reais
de violência por questões torpes ou fúteis (brigas de trânsito, discussões em
etc.) provam isso. Não se iluda, mesmo sendo somente a posse, como já acontece
hoje, o número de armas em carros e na cintura vai aumentar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Mais
um dado, metade das mulheres mortas em 2016 foi por arma de fogo e contra
essas, como é comum no feminicídio, grande parte dos crimes aconteceu no
espaço doméstico. Contrariando o que se imagina, família com armas em casa não
inibe o furto (ladrões adoram roubá-las) e coloca o lar em maiores perigos
externos e internos. Dessa forma, estar armado, inclusive na rua, não
representa defesa contra o criminoso ou diminuição da violência. Nos nove anos
anteriores ao Estatuto do Desarmamento, de 1995 para 2003, a taxa de homicídios
aumentou 21,4%. Nos nove anos seguintes, de 2003 para 2012, a taxa de
homicídios aumentou somente 0,3% (Revista Época). Continuando os exemplos, nós
acompanhamos assustados a quantidade de policiais assassinados em assaltos,
enquanto estavam de folga, ao serem identificadas as suas armas. Talvez, esse
pode ser um doloroso tiro em nosso próprio pé!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Não
é clichê, o caminho para diminuirmos a violência nas cidades não é armando as
pessoas, mas com políticas públicas, combate (especialmente nas fronteiras) ao
mercado ilegal de armas e promoção da cultura da paz. Países como Japão e
Cingapura, onde a posse é proibida, há 0,3 homicídios por 100 mil habitantes.
Ou seja, ter posse de armas não diminuirá a violência e nem produzirá
segurança, mas intensificará o problema. O princípio da renúncia do exercício
da violência em favor de uma autoridade maior é fundamental no processo
civilizatório. É simples: ao cidadão cabe contribuir com seus impostos e ao
Estado garantir a proteção e os demais direitos. Continua sendo mais
inteligente, mesmo parecendo fraqueza, o não enfrentamento durante um assalto
ou crime; e nem isso é garantia de preservação da vida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Por
fim, com a ariscada multiplicação de pessoas armadas, a Igreja precisa promover
o cultivo de práticas pacificadoras, abrir seus espaços institucionais para
discussões a respeito do combate à violência e intensificar o anúncio do valor
da vida, os quais são assuntos tão caros ao Evangelho de Cristo .<o:p></o:p></span></div>
<br /></div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-21011556191384116742019-01-02T00:26:00.000-02:002019-01-02T03:26:35.189-02:00Os dois discursos de posse do Bolsonaro<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-ehMbun1XwoU/XCwhB6kzQqI/AAAAAAAAScY/jb_avbH1pB8Nb5mH2Q_0KLWn9cbVJ94bwCLcBGAs/s1600/bozo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="188" data-original-width="268" src="https://1.bp.blogspot.com/-ehMbun1XwoU/XCwhB6kzQqI/AAAAAAAAScY/jb_avbH1pB8Nb5mH2Q_0KLWn9cbVJ94bwCLcBGAs/s1600/bozo.jpg" /></a></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<br />
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
Ao
ouvir os dois discursos do Bolsonaro fiquei com a impressão de que o novo
presidente ainda está em campanha. Por várias vezes repetiu as frases e slogans
da caminha presidencial, voltou a falar sobre o “fim do socialismo no Brasil”,
citou a nomenclatura “cidadão de bem”, criticou os direitos humanos e até
decretou o encerramento do “politicamente correto”. O pior foi ouvi-lo afirmar
que libertará o povo do jugo da submissão ideológica. Será que somos tão
irresponsavelmente desinformados a ponto de não percebermos o quanto isso é
contraditório? Como explica Hall, "ideologia é uma estrutura mental – as
linguagens, os conceitos, imagens do pensamento e os sistemas de representação
– empregada por diferentes classes e grupos sociais para dar sentido, definir,
figurar e dar inteligibilidade à maneira como a sociedade funciona". De
maneira mais direta: ideologia é uma forma de compreender o mundo de
determinados grupos sociais. Por isso, não existe discurso que não represente
uma compreensão de mundo; não há projeto político que não seja ideológico.
Entendeu? Então, o pronunciamento de Bolsonaro ecoa perspectivas ideológicas.
Quando desqualifica o que chama de "politicamente correto", afirma a
lógica meritória (preciso lembrar: não há mérito quando não há equidade de
oportunidades), quando fala de "nossos valores",quando defende o
livre mercado e a competitividade ou diz que o povo começou a se libertar do
socialismo, ele está falando a partir de um lugar ideológico! Em suma, as suas
falas carregam um tipo de ideologia política. As escolhas dos ministros, por
exemplo, mostram como suas perspectivas ideológicas modelarão as políticas
econômicas, tributárias, sociais, ecológicas do Brasil em seu governo. A
pergunta é simples: as perspectivas ideológicas de Bolsonaro e dos seus colegas
de governo favorecerão a quais grupos deste país?</div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
Para
construirmos uma nação livre, como o presidente defendeu, a pluralidade deve
ser respeitada. O Estado não é regido por horizontes e interesses morais
religiosos, mas pela Constituição. Sou pastor e evangélico, mas não posso cair
na tentação posta pelo discurso bolsonariano. Sei que estamos em um Estado
Democrático de Direito e não numa oligarquia cristã fundamentalista. Por isso,
não devo me empolgar com esse tipo de fala, porque favorece somente uma parte
da população.</div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
“Nossa
bandeira jamais será vermelha”, disse o Presidente, apresentando-se como um
tipo de libertador contra o “comunismo”. Seria, segundo ele, o fim do
“socialismo no Brasil”. O que ele está chamando de socialismo? O Brasil nunca
foi socialista! Essa fala somente aprofunda a guerra vivida nas eleições de
2018, não gera conciliação nacional e corre o risco de demonizar as discussões
sobre justiça social, direitos, políticas sociais e cria desconfiança contra os
que fazem leituras mais críticas a respeito dos sistemas político-sociais. O seu
discurso é preocupante por ser ele o presidente de um país democrático e a presença da oposição é fundamental e saudável.</div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
Em
seus pronunciamentos ele usou novamente a frase de efeito “contra a corrupção”.
Contudo, estamos acompanhando de perto as histórias com pouca lisura de alguns
de seus ministros, o seu envolvimento e de seus filhos com políticos e
assessores suspeitos (o caso Coaf-Queiroz ainda não está resolvido) e suas
relações já postas com políticos e partidos imersos na velha e profana política.
Por último, Onyx Lorenzoni, o mesmo que pediu desculpas por receber dinheiro
não declarado para campanha, admitiu ter usado verba da Câmara para voar pelo
país em campanha do presidente eleito Jair Bolsonaro, o que não é permitido e
oneroso para os cofres públicos. Não pode haver seletividade no combate à
corrupção ou ao uso indevido de dinheiro público.</div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
As
eleições acabaram e Bolsonaro venceu. Frases de efeito e jargões contra o
socialismo não resolverão questões econômicas. Ainda, temo que ele esteja chamando
de “socialismo” as políticas púbicas de combate à pobreza, a luta por direitos
trabalhistas, as políticas de enfrentamento ã violência ou as conquistas sociais.
Preocupa-me, também, caso esteja insinuando que o super cuidado com os interesses
de grupos mais ricos do Brasil seja essa tal luta contra os comunistas ou
socialismo. Se for isso, espero encontrar no povo de Deus, seguidores de Jesus,
uma voz profética e testemunho de fé.</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
Ah, e o discurso
carismático e sensível da primeira-dama? Espero que sua empatia e bonita
preocupação não entorpeçam o senso crítico dos brasileiros, especialmente o
povo da fé, tornando a Michele Bolsonaro um jardim que cubra correntes.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br /></div>
</div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-92114775648687508742018-12-24T15:25:00.001-02:002018-12-24T15:29:01.290-02:00Na manjedoura: como lhes havia sido dito...<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-s_K0_Twhy80/XCEWXc0hvDI/AAAAAAAASb0/ZYqM16TNI9o36GrIpVkSZl__XIkZXFAIACLcBGAs/s1600/adora%25C3%25A7%25C3%25A3o%2Bpastor.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1098" data-original-width="800" height="640" src="https://3.bp.blogspot.com/-s_K0_Twhy80/XCEWXc0hvDI/AAAAAAAASb0/ZYqM16TNI9o36GrIpVkSZl__XIkZXFAIACLcBGAs/s640/adora%25C3%25A7%25C3%25A3o%2Bpastor.jpg" width="466" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p><br /></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: start;">
De repente, na penumbra comum das noites bucólicas, enquanto pastores davam conta dos afazeres cotidianos, o céu
poetizou boas-novas em lábios-eternidade: “Não temas”, disse-lhes o anjo, “trago
alegria sem fronteiras. Desde as memórias da pequena cidade de Davi vem o
menino-Cristo, o bebê-Salvador”.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Paradoxalmente,
o sinal para os pobres trabalhadores não seria o pináculo do templo, ou barulho
de festins dos luxuosos palacianos, nem mesmo o som de ação de graças dos
anciãos sinagogais. A solenidade aconteceria em uma manjedoura e ornamentada
por panos improvisados, simples como seus pais. Os espectadores não sabiam, mas
faltava a coroação da visão. O coral celestial se organizou sobre suas cabeças,
extasiados ouviram admirados o cântico da comunidade angelical: “as alturas estão
em glória e paz escorre imprevisível no chão da Terra. Viva, há boa-nova aos
homens e mulheres que sejam terras férteis e germináveis”.</div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Tal qual a irrupção, o palco se
desfez, fincado a estupefação e o vislumbre dos receptáculos belemitas. Agora
não eram mais pastores, tornaram-se poetas. Assim como Alberto Caeiro, são guardadores
de novos rebanhos. Aquele, “seus pensamentos”; estes, sonhos. Contudo, todos dariam
conta das sensações. Transformados, foram em busca do sinal. Não seria difícil
encontrá-lo, quem cuida do campo conhece o cheiro de manjedoura. Tão Emanuel quanto
o cotidiano das pessoas simples, a encanação da esperança era-lhes reconhecível.
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ansiosos e corrigidos pela
pressa, encontraram José, Maria, o menino-Deus e a manjedoura. Mal chegaram e
logo recantaram as cantigas dos anjos, rimaram o espanto, narrativizaram o poema
sagrado e testemunharam as vozes ouvidas do céu. Como se recriassem a cena,
novamente o tablado onde os seres celestes contracenaram foi montado. No
entanto, as palavras fizeram-se personagens, os verbos atores e as frases o
campo. Contextos diferentes, mas reações irmãs: em êxtase ouviam-nos e juntos
contemplavam o porvir. Assim, as imagens coladas nos corações dos pastores
cobriram novos celebrantes. Maria, acostumada com a sombra do Espírito Santo, rapidamente
arrumou chaves mnemônicas, porque se eterniza tudo quanto a memória ama. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Aos pastores restou-lhes a
poesia. Poderia ter sido de outra forma, mas nada recompensaria a maneira “como
lhes havia sido dito” (Lc 2.20)! <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></div>
<br /></div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-91139088827514884812018-11-16T19:56:00.001-02:002018-11-17T08:06:18.368-02:00PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA: ENTRE O ARQUIVO E O SÍMBOLO<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-dYm1yeIgL6E/W-881boKtrI/AAAAAAAASaw/ISsPEmI7D4gQwLpK2I4t1g7SRCMmwCudwCLcBGAs/s1600/300px-Proclama%25C3%25A7%25C3%25A3o_da_Rep%25C3%25BAblica_by_Benedito_Calixto_1893.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="185" data-original-width="300" src="https://2.bp.blogspot.com/-dYm1yeIgL6E/W-881boKtrI/AAAAAAAASaw/ISsPEmI7D4gQwLpK2I4t1g7SRCMmwCudwCLcBGAs/s1600/300px-Proclama%25C3%25A7%25C3%25A3o_da_Rep%25C3%25BAblica_by_Benedito_Calixto_1893.jpg" /></a></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<br />
<div style="background: white; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "arial" , "sans-serif";">Os símbolos nacionais, além
de artefatos/arquivos da história, são agentes de estímulo e integração. Essa é
a razão para destacarmos datas, personagens, situações e conquistas, sem os
quais não seria possível formar a identidade nacional. O Brasil é Brasil por
sua história! Então, a Proclamação da República é antes data-símbolo do que
oportunidade de descanso para os que ainda têm emprego que lhes permita tal
desfrute.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background: white; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "arial" , "sans-serif";">15 de Novembro para nós
brasileiros e brasileiras é marca temporal de transição da Monarquia
Parlamentarista para a República, realizada em 1889. Contudo, esse dia
memorável é espuma do mar maior de perspectivas político-econômicas e
movimentos contrários ao antigo regime. Na década de 1870, por exemplo, foi
assinado por alas intelectuais brasileiras, nas quais estavam também alguns
protestantes, o Manifesto Republicano cujas linhas alimentavam o desejo
democrático, a luta por liberdade e a cumplicidade com a ideia de que a vontade
do povo deveria conduzir o país. No histórico texto é denunciada a realidade
brasileira e expressava-se, com bravura, o enfrentamento ao sistema marcado por
injustiças. Cito: “O privilégio, em todas as suas relações com a sociedade –
tal é, em síntese, a fórmula social e política do nosso país –, privilégio de
religião, privilégio de raça, privilégio de sabedoria, privilégio de posição,
isto é, todas as distinções arbitrárias e odiosas que criam no seio da
sociedade civil e política a monstruosa superioridade de um sobre todos ou de
alguns sobre muitos” (Manifesto Republicano, 1870).<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background: white; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "arial" , "sans-serif";">Na época, as “novas
idéias” republicanas desaguavam entre as classes letradas, pelas esquinas e
quintais da terra brasilis. O país era efervescência de sonhos e revoltas;
lágrimas e risos; forças conservadoras e revolucionárias. Sagazmente, Rui
Barbosa, em 10 de Julho de 1889, percebeu o clima no ar e escreveu: “É
inenarrável o aspecto que, há dois dias, apresenta a capital do império. Nunca
se estamparam mais vivamente na fisionomia de uma cidade o pasmo, a reprovação,
o protesto. Sente-se, nos espíritos, o rumor da grande vaga humana, que cresce
das consciências, e se aproxima, surda e misteriosa, nas crises morais de uma
nação. As ruas borbulham de alvoroto. A política invadiu todos os colóquios,
emudeceu todas as preocupações. Não se crê no que se acredita. Essa mesma
espuma das alegrias interesseiras, que efervescem a cada mudança ministerial, à
ascensão de cada partido, mal sobrenada, indecisa e silenciosa. Ainda não
acertamos com um liberal satisfeito” (Queda do Império, vol. XVI, tom. III, p.
243.). O “alvoroto” (revolta) que borbulhava era o sinal do desgaste.
Desejava-se, nas palavras de Raimundo Correia, que o Futuro, archote
incendiário, queimasse os báculos e os cetros. Ou seja, a famigerada relação
dos poderes católico e monárquico já não passaria desapercebidamente ilesa às
críticas das consciências esclarecidas. Tanto quanto se sentia o dissabor pela
dureza do autoritarismo, das crises econômicas, do obscurantismo e da
desigualdade de direitos, crescia o desejo pelo progresso social.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background: white; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "arial" , "sans-serif";">O 15 de Novembro de 1889
seria, então, a erupção dos muitos interesses vulcânicos instalados desde o
seio da monarquia. Machado de Assis, em “Esaú e Jacó” (1904), infere a respeito
da desgastada monarquia no diálogo entre os personagens Aries e Custódio. Este,
no romance machadiano, é dono do estabelecimento chamado “Confeitaria do
Império”. Na conversa com Aries, Custodio fala sobre a restauração da tábua
onde estava o nome de sua confeitaria. O decepcionado confeiteiro lamenta:
“Ontem, à tarde, lá foi um caixeiro, e sabe V. Exª o que me mandou dizer o
pintor? Que a tábua está velha, e precisa outra; a madeira não aguenta tinta.
Lá fui às carreiras. Não pude convencê-lo de pintar na mesma madeira;
mostrou-me que estava rachada e comida de bichos. Pois cá de baixo não se via.
Teimei que pintasse assim mesmo, respondeu-me que era artista e não faria obra
que se estragasse logo”. Não tem restauração, diria a mensagem do livro, o
sistema monárquico estava aos bichos e não teria artista que desse jeito!<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background: white; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "arial" , "sans-serif";">Por outro lado, mesmo
glorioso em valores, o sonho libertário não foi o único motivo de adesão à
causa. O ressentimento dos ex-proprietários de escravos, despossuídos pela Lei
Áurea (1888) do perverso bem sem serem ressarcidos, impulsionou a cooperação
dos grandes ruralistas. Ainda – e a honestidade histórica exige indicar – os
ideais republicanos foram traídos na Primeira República. Contudo, a luta pela
Liberdade, Igualdade, Dignidade Humana, Justiça (valores tão caros para o
futuro Estado Democrático de Direito) integravam essencialmente as diretrizes
dos militantes republicanos do séc. XIX.</span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; line-height: 115%;">Por conseguinte, essa data é
memória de denúncia e enfrentamento a sistemas que legitimem a “superioridade
de alguns sobre muitos”. Aponta para um projeto de nação plural cujo governo
está a serviço da legalidade, democracia e estabelecimento de direitos.
Comemorar a Proclamação da República, dessa forma, é reafirmar os valores da
justiça para todos e todas, o estabelecimento do acesso à educação e aos
subsídios necessários para o bem estar social. E para nós evangélicos,
vinculados à história do protestantismo brasileiro, 15 de Novembro é a
afirmação indiscutível da separação entre Estado e Igreja, o que exige respeito à diversidade, o diálogo e a não imposição de valores individuais ou
teológico-institucionais sobre os interesses nacionais, evitando o mal do
privilégio religioso denunciado já pelo Manifesto de 1870. </span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background: white; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
Assim, a Proclamação da
República lança os olhos do povo brasileiro para o passado, mas torna-o símbolo
de valores imprescindíveis e civilizatórios, projetando-nos, por sua vez, para
o futuro.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="font-size: 14px;">
<o:p></o:p></div>
<div style="font-size: 14px;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br /></div>
</div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5229949354228780943.post-77046904191862877732018-11-09T14:43:00.004-02:002018-11-09T14:48:09.653-02:00Experiência e Hermenêutica Pentecostal". Novo Livro pela CPAD<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-__U8pRcabS0/W-W45szaNQI/AAAAAAAASaU/RQNDh3H2DzEahDxX1RL5VKBm7hvUaWu7QCLcBGAs/s1600/cpad.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="641" data-original-width="960" height="266" src="https://4.bp.blogspot.com/-__U8pRcabS0/W-W45szaNQI/AAAAAAAASaU/RQNDh3H2DzEahDxX1RL5VKBm7hvUaWu7QCLcBGAs/s400/cpad.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt;">Acaba de sair pela Casa Publicadora das Assembleia de Deus (CPAD) o meu
novo livro, </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 18.6667px;">em parceria com David Mesquiati</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt;">, "<i>Experiência e Hermenêutica
Pentecostal. Reflexões e propostas para a construção de uma identidade
teológica</i>". A obra reuni diversas reflexões e discussões realizadas em
ambientes acadêmicos a respeito da teologia pentecostal e, especialmente, o
lugar privilegiado da experiência para interpretação bíblica e da fé. O
livro é dividido em 10 capítulos e provoca uma série de questões: o que seria
um hermenêutica pentecostal? É possível falar em teologia pentecostal? Qual a
relação histórico-teológica do Pentecostalismo com a Reforma? Que tipo de
método exegético poderia ser melhor aplicado à leitura bíblica pentecostal. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt;">Abaixo, um pequeno trecho da obra: </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 4.5pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt;">"Algumas coisas nos preocupam em relação à produção teológica
pentecostal no Brasil. Um dos riscos é a neocalvinização do pentecostalismo ou
as teologias protestantes estabelecidas tornarem-se o único ou o melhor caminho
para a sistematização teológica. No entanto, precisamos explicar o que queremos
dizer com isso. Antes de qualquer coisa, essa crítica não é aos calvinistas e
demais protestantes, mas aos nossos irmãos pentecostais. Acreditamos que o
diálogo com a teologia e com os teólogos reformados é de fundamental importância
para a promoção do Reino de Deus em nossas terras. Contudo, para que o diálogo
aconteça, nós pentecostais precisamos fazer o dever de casa e articular uma
identidade teológica que seja propriamente pentecostal. E, podemos afirmar com
toda segurança, que isso já vem sendo feito, especialmente por nossos irmãos
norte-americanos e europeus, como Amos Yong, Kenneth Archer, Veli-Matti
Karkkainen, Harold Hunter, entre outros; não nos esquecendo de pentecostais
latino-americanos, como Bernardo Campos, Daniel Chiquete, entre outros, que há
algum tempo têm enfrentado essa realidade e feito propostas importantes. Por
isso, nosso texto fará ensaios seguindo esse mesmo interesse, de uma construção
de identidade teológica pentecostal, que exige a releitura da história, uma
proposta hermenêutica e articulação na e para a experiência" (MESQUIATI;
TERRA, 2018, p.2).<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Link do livro: <a data-ft="{"tn":"-U"}" data-lynx-mode="asynclazy" data-lynx-uri="https://l.facebook.com/l.php?u=https%3A%2F%2Fwww.cpad.com.br%2Fexperiencia-e-hermeneutica-335326%2Fp%3Ffbclid%3DIwAR0qkunFd7V1d60zrDMV3eiy68Iik-DusqueYA0zqGW-PvRz3RM4pm9ApEU&h=AT3c1LRMmKWaw-_YQ-5QiBob2TRN5NAtQj2j52lvwJ_F0PiYdMWm_a36T0lKhvyrWmjFUidRELLUTUJKCXlhNvcRaT76Zra-p_YBdh-N-5SYMfqTsq26NkwrZBivMT55TToaYERnJZW_FwRUIyrYVajKTE0UUgdQ" href="https://www.cpad.com.br/experiencia-e-hermeneutica-335326/p?fbclid=IwAR0qkunFd7V1d60zrDMV3eiy68Iik-DusqueYA0zqGW-PvRz3RM4pm9ApEU" rel="noopener nofollow" style="cursor: pointer; font-family: inherit; text-decoration-line: none;" target="_blank">https://www.cpad.com.br/experiencia-e-hermeneutica-335326/p</a></div>
</div>
Kenner Terrahttp://www.blogger.com/profile/06558862412487802794noreply@blogger.com3