quarta-feira, 2 de junho de 2010

Resposta ao Pr. Mesquita: Israel e Gaza

Este texto seria uma resposta ao comentário do pr. Mesquita, mas como ficou um pouco grande resolvi torná-lo post. Este servirá também como resposta aos demais.

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Resposta:

Começarei transformando a última exclamação em pergunta: "Agora, porque (por que) é Israel não pode! (?)". Respondo: não, não pode! Não por ser Israel, mas por ser um ato de violência. Como cristão que sou, e somos, acredito e acreditamos, segundo o evangelho, que podemos resolver as coisas de outra maneira. Ao condenar o ato israelita, não legitimo as atrocidades dos outros países, e muito menos da Turquia. O que me deixa consternado são as nossas teologias que legitimam a barbárie. Não preciso citar aqui a inquisição, a catequização (que em algum nível serviu muito bem para maldades incomuns), as guerras protestantes na Europa etc. A guerra, não importa qual, nem em que situação, nunca - nunca mesmo - poderá soar como algo normal para os cristãos. Sabe por quê? O nosso Senhor entregou-se, virou o rosto, humilhou-se por nós, quando éramos todos seus inimigos!

Como, pastor Mesquita, ver as atrocidades, sejam de quem for, e aceitar como natural? Pensemos bem. Entre os ativistas, inclusive uma brasileira, dos que estavam lá não apresentavam nenhum indício de formação de guerrilha ou de qualquer exército ou coisa do tipo. Seria mesmo preciso aquele tipo de ação?
Lembremos da ocasião quando Israel também bombardeou várias vezes e matou famílias inocentes. As famílias israelitas são mais importantes para Deus do que as demais? Acho que não. Quando mísseis são lançados por Gaza (Hamas), Irã, Israel ou qualquer outra nação, seja Cuba ou EUA, estão todos errados! Diante da mensagem neotestamentária estão todos errados!

Encontraram armas, mísseis, sei lá, algo ligado à guerra nas embarcações? Não. Foi uma ação repressora. Não importa se sou a favor de Israel ou Hamas, importa é o que tenho em mãos. Uma coisa precisamos pensar: a maioria dos missionários protestantes são a favor de Israel, e mesmo assim queremos entrar em fronteiras mulçumanas, muitas vezes burlando as leis nacionais. Isso dá as nações receptoras o direito para matar os missionários? Cremos que o evangelho é uma grande ajuda social e eterna para os países islâmicos, por isso entramos nas suas fronteiras. Aquele pessoal desejou ajudar, mas de outra forma.

Perdoe-me pastor Mesquita, mas não posso aceitar, em hipótese nenhuma, qualquer tipo de ação deste nível. O Estado de Israel errou feio. Foi prepotente, violento e irresponsável. Ele precipitou embarcações com tripulantes de vários países – inclusive, como já disse, gente do Brasil. Por isso, de alguma forma, está também atingindo a boa relação com as outras nações.

Pastor, o bloqueio econômico e a guerra contra o Hamas por parte de Israel atingem várias obrigações fundamentais para qualquer ação de ocupação, aqui cito duas: 1. precisa evitar o castigo da população civil e 2. garantir o acesso à alimentação e remédios.

Estão totalmente errados os ataques de mísseis vindos da Fixa de Gaza! Como também estão errados os ataques de Israel, possuidor de um arsenal mil vezes mais equipado!

Vê tu, Israel tinha avisado para não levarem ajuda humanitária a Faixa de Gaza. Eles bloqueiam economicamente uma região que já é bem fraga, deixando todos em situação precária, e impedem os que querem ajudar! Pelo amor de Deus, não posso aceitar isso (Independente de quem queira dizimar quem na história!)! E mais, a história do "primeiro ataque" vindo dos barcos com a ajuda humanitária está longe de ser provada. E, outra coisa, como estamos falando de soberania nacional que é um termo bem político, Israel tem especiais responsabilidades com a população que vive naquela região. Isso segundo a convenção de Genebra e a Carta das Nações Unidas.

E falando de atrocidades, o senhor lembra muito bem do ataque a um bairro residencial de Tel El Alwa (se é assim mesmo que escreve), na Faixa de Gaza em 2009. Ficou comprovado que os israelitas utilizaram armamentos com fósforo branco. O senhor tem noção o que é isso!? Esse material forma uma fumaça que queima profundamente a pele. Essa atitude também não se mostra possuidora da mesma intenção do Hamas: dizimação?

Podemos ser a favor de coisas como essas? Sabemos muito bem que por vezes Deus condenou por meio dos profetas as ações do povo de Israel, e até usou outros povos para aplicar seu juízo. O grande problema é realmente teológico. Vemos somente com um olho: o escatológico. E isso nos leva a esquecer o profético, o qual mostra-nos que Deus não passava a mão na cabeça de Israel quando errava. Pastor, perdoe-me, mas nossa interpretação dos livros de Zc, Mal, Jr e Dn estão erradas. Nossa escatologia é fundada em alegorias. Meu Deus, será que ninguém tem coragem de reler esses textos para pararmos de falar besteiras!?

No mais, acho que a indignação profética resume bem meu texto, ou o que tentei mostrar no texto. E depois de ouvir o senador Cristovam Buarque e os demais senadores na última sessão do senado, pudi me sentir ladeado...

5 comentários:

  1. Prezado Kenner,

    É interessante que o Deus dos deuteronomistas manda matar todo mundo, de animais a pessoas, de crianças a adultos, somente porque eles são de outra religião e porque eles pensavam que fazendo de Canaã uma Tabula Rasa poderiam viver s ua religião pura... não deu certo.

    Já o Deus dos profetas, fala para o assassino Davi que o ele não poderá construir o templo porque tem muito sangue nas mãos, muitos assassinatos de filisteus, jebuseus, cananeus e sabe lá se de israelitas também. O Deus de Isáias não queria um rei sangionário, militar, mas uma criança, indefesa, bricalhona... nada de guerras.

    O que as pessoas não entendem é que o que não aceitamos é a violência, especialmente quando ela tenta ser justificada pela religião, seja no Islã, Israel ou no cristianismo... Construir uma teologia que justifica a matança e dizer que é bíblica, ou dispensacionalista é uma murro no estômago de Jesus, que rereende Pedro por corta a orelha de Malco e diz, em outras palavra que que quem atira recebe tiro.

    O problema é que nos, os cristãos, só conhecemos o nosso livro sagrado, as histórias judaico-cristãs, e sempre a partir de nossas doutrinas, que se tornam outra Bíblia, uma forte Tradição, como na santa e amada igreja Católica Apstólica Romana, que nos tanto recriminamos. Mas quando mexemosno santo de casa, parece que somos bardeneiros que esqueceram a fé.

    Avante mano!

    César

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  2. Olá Cesar!!
    paz e bem...
    Muito obrigado no comentário e a contribuição. acho que não preciso colocar nenhuma palavra em teu comentário. Ele percebeu o "espírito" das letras no texto.

    abração
    avante sempre!!

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  3. Shalom!

    Moré Kenner, uma alegria conhecer seu blog. O El Mistáter (Is 45.15) seja contigo!

    Quero lhe convidar a conhecer meu blog:

    http://davarelohim.blogspot.com/

    e ver o texto: João: O Evangelho com 2 tipos de sinais.

    P.s>>> Caso o irmão se identifique com o blog, torne um seguidor. Será uma alegria!

    Todá rabá!

    Pr. MArcello

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  4. Pr. Kenner Terra, a Paz do Senhor.

    Compartilho das mesmas idéias aqui expressadas quanto à responsabilidade de Israel. Sermos contrários a sua política de força bruta, não implica em sermos anti-semitas.
    As guerras, sejam elas de iniciativa de país A ou B, resulta do ódio incontido e implacável que teve inicio com Satanás e não terminará enquanto ele não for lançado no Lago de Fogo (Ap.20.10).
    O fato de ser Israelita, também não significa SALVAÇÃO, se o coração não for purificado com arrependimento, tal qual um "gentio" como nós.
    É fato que o Senhor tratará Israel de forma diferenciada dos demais, mas também não passará Sua mão em suas cabeças, em sinal de aprovação para tudo o que fazem.
    Os textos das missivas acima são esclarecedores e dispensam outros comentários nessa linha.

    Fraternalmente,

    Ir. Gilvan Paz

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  5. Olá Ir. Gilvan.
    É um prazer tê-lo aqui. Obrigado pelos comentários.

    Compreendestes muito bem meu texto. Isso ficou claro quando disseste: "Sermos contrários a sua política de força bruta, não implica em sermos anti-semitas". Muito bem! O texto não é antissemita, mas "antiações" precipitadas.

    abraço

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