segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Dialogismo? “Cálice... Sistema da porca que não anda”.


 
Eis! 

A porca está gorda e por isso já não anda! Ela foi embuchada pela impunidade, hipocrisia, morbidez na aplicação da justiça, pelo medo da verdade e a pressa em encher os próprios potes que carregam o rótulo “interesse pessoal”. Como uma engrenagem dura e sem óleo/unção, move-se fazendo um som esquisito, que chamam de louvor, adoração, hino nacional ou sei lá o quê... Parece que o profeta da roça nunca foi tão atual: “Eu odeio, eu desprezo as vossas festas e não gosto de vossas reuniões (...). Afastem (seria o cálice?) de mim o ruído dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias dos teus instrumentos. Corra, porém, o direito como a água e justiça como um rio caudaloso”.    

Pobres donos das rédeas. Logo elas serão arrancadas de suas mãos, e o freio da boca daqueles que eles dominam. E os gritos sairão: “chega! Chega! Agora chega!”. Neste dia, os leões comerão com as vacas, e o Messias menino tomará o seu trono e implantará a festa da ceia, quando todos comerão moqueca, acarajé, arroz carreteiro, aipim com carne seca e beberão chimarrão. Essa ceia será o pão de todos e todas e não esta bobeira que fazem em algumas reuniões vazias e lúgubres. Neste dia, a festa realmente será da ressurreição e da parousia; porque o rito da Eucaristia deste eon, infelizmente, só lembra a morte, porque ao  verem a mesma morte próxima dos esquecidos do mundo fazem como os religiosos da parábola, passam de largo (antiparêlthen). 

Antes disso, enquanto o vinho tinto de sangue não é afastado, o pileque homérico do mundo é o melhor pão e circo para os neuróticos enganados pela ideia de autoridade e pelo medo. Meu Deus, tanta mentira, tanta força bruta, com palavras melosas de engravatados que executam, legislam, julgam.... Pregam; pregam o corpo dos inocentes em cruzes de palavras sem sentido. 

Pai, afasta de nós esse cálice, porque o peito que resta depois da boca calada já não sente, a não ser o que os donos  da porca gorda dizem que se deve sentir. Pai, afasta, logo, o monstro da lagoa. 

Pai, abra as portas dos muitos com palavras presas na garganta.  Porque, assim, os amigos da porca serão destronados, precipitados, seus ternos arrancados e deixados nus! E o Messias menino rirá, com gargalhadas, pela pequenez contemplada.

Eis! 

Um dia a porca gorda perderá o seu chiqueiro!

3 comentários:

  1. Faz algum tempo que não vejo seu blog... sabe como são as ocupações da vida (nossas grandes pequenas coisas da vida particular), mas agora estou saboreando um cálice de palavras que me embriagam de uma crítica politico-religiosa (se é que há diferença entre essas duas palavras); tanto a política como a religião, podem ser como uma "toalha de mesa" que Rubem Alves descreve em um de seus livros; essa toalha sempre assume a forma física da mesa a que encobre. Esperamos que não sejam mesas de corrupção; tanto no Senado quanto nos templos em nossas igreja, assim como no interior de nossas casas, que não haja uma mesa posta com abundância de iniquidade.

    o pecado é algo sempre novo, muito útil para nossa reflexão, pena que as vezes ele afeta a consciência e nos impede de reconhecer que o possuímos, geramos e o multiplicamos; e que são pecados comuns de todos.

    Meu único medo (em relação ao seu texto) é a incerteza do que somos... se somos a porca ou os tolos que a alimentam, ou, as duas coisas simultaneamente; queira Deus que nenhuma delas, mas... ficam dúvidas que somente a consciência nua pode confessar (Despidas pelo Espirito, por nós sempre procuramos cobrir as vergonhas da vida).
    essa parte do seu texto é excelente para o mundo jurídico: - “Eu odeio, eu desprezo as vossas festas e não gosto de vossas reuniões (...). Afastem de mim o ruído dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias dos teus instrumentos. Corra, porém, o direito como a água e justiça como um rio caudaloso”.
    pena que a voz do campo não tem valor para os burgueses evoluídos da cidade... nem a voz (clamor) do justo pode atingir o coração do ímpio ensurdecido por suas próprias palavras. acho que Deus deveria acrescentar mais um mandamento: o 11º Ouviras o teu próximo, antes de qualquer juízo sobre ele.

    resumindo tudo... gostei do texto, me fez pensar, lembrar e sentir sabores(bons e ruins); produziu movimento.

    Quanto ao banquete (a festa da ceia), só depois do juízo... sem o devido processo legal não se pode alcançar a justiça, né... afinal a verdade deve/tem de ser apurada.

    Felicidades pra Vc e sua Família, especialmente para sua filhinha Beatriz.

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  2. Olá Fernando,
    Que bom é ter você aqui novamente. Você sempre tem um comentário pertinente e inteligente. Acho que qualquer um que escreve gostaria de ser lido por leitores com o teu olhar.
    Você entendeu muito bem o texto. Acho que o entendeu melhor do que eu! Ele realmente está ironizando, usando o gênero profecia (“eis!”), todo e qualquer sistema que serve “a mesa”com “pratos sujos”. A porca? O sistema é a porca, mas o sistema que congrega pessoas é formado por aquilo que congrega, a saber, pessoas! Acho que a porca seja o sistema em si e as pessoas, por antonomásia.
    Grande abraço!

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  3. Vim fazer-lhe uma visita, e recomendo vivamente que esta Palavra da Verdade nunca se aparte de sua boca, e que os rios do Grande Deus fluam através de seu ser, a graça do Glorioso Jesus brote como um nascente vivo de aguas cristalinas de sua vida para inundar aqueles que sedentos procuram saciar sua sede nos lamaçais deste mundo. Convido a fazer parte de meus amigos na Verdade Que Liberta. Votos de um Feliz Natal e um Ano Novo cheio da graça bendita de Deus. Um abraço.

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