terça-feira, 20 de agosto de 2019

Os movimentos pentecostais e carismáticos e a pós-modernidade. De que lado ficar?




Comparando ao movimento da Ortodoxia Radical, James K. Smith diz ser o Pentecostalismo uma terceira via entre o racionalismo moderno e relativismo pós-moderno ("What Hath Cambridge to do with Azusa Street? Radical Orthodoxy and Pentecostal Theology in Conversation". In: PNEUMA: The Journal of the Society for Pentecostal Studies, vol.25, 2003). Para esse autor, a Ortodoxia Radical como crítica à Modernidade não seria antimoderna e também não é exatamente “pós-moderna” ou, muito menos, pré-moderna. Smith explica que os movimentos de reavivamento do séc. XX representam outro tipo de Modernidade ou alternativa para esse paradigma e seu racionalismo. O Pentecostalismo e movimentos carismáticos modernos têm os mesmos traços e partilham as características epistemológicas com a chamada Ortodoxia Radical.
Em seu trabalho, Smith faz uma excelente síntese a respeito da cosmovisão pentecostal-carismática, o que aponta para sua epistemologia. Ele elenca pelos menos cinco pontos:
(1) Abertura radical para a ação sobrenatural de Deus como realizador de algo diferente e novo, tendo em At 2 o modelo petrino de reconhecer as ações não naturais do Espírito como obras inesperadas de Deus. A ideia fundamental aqui é a expressão “isto é aquilo” (At 2.16); uma abertura para a alteridade.
(2) Por causa disso, há ênfase no contínuo ministério do Espírito, incluindo o dom de revelação, a profecia e a centralidade das dádivas carismáticas na Igreja (tratada como comunidade pneumática).
(3) No contexto do ministério do Espírito está a crença na cura do corpo como parte central do aspecto do trabalho de expiação. Esse dado é ponto antagônico ao dualismo corpo-alma fundamentalista e alma/mente-corpo do racionalismo.
(4) Ênfase no papel da experiência em contraste com a racionalidade típica da Teologia protestante/evangélica tradicional. Isso enraíza a tradição carismático-pentecostal e a Ortodoxia Radical na epistemologia afetiva, o que desfaz o dualismo sujeito-objeto da Modernidade iluminista.
(5) Diferentemente da crítica aos carismáticos-pentecostais em relação ao conceito de “outro mundo”, o movimento é caracterizado por um compromisso central com o empoderamento, justiça social e por certa opção pelo marginalizados, o que remonta às suas raízes na Azusa Street, cujo fenômeno se realizou em lugares simples e liderado por um pregador afro-americano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário